CONTROVÉRSIAS EM TORNO DA TRADUÇÃO DO ANTIGO TESTAMENTO NAS OBRAS DE JERÔNIMO E AGOSTINHO

Autores

Resumo

A tradução de texto de uma língua a outra é uma prática que acompanha a escrita desde as primeiras manifestações de escrituras mais complexas. Podemos dizer que para muitas das obras importantes à cultura ocidental, como é o caso da Bíblia, o processo de tradução é parte constitutiva delas. Ousamos dizer que os textos produzidos por esse trabalho se tornaram até mais importante do que seus originais, posto que, dificilmente o leitor leu ou lê, a Bíblia na língua original. Fica a questão: até que ponto os textos de partida estão contemplados nos textos de chegada? Para tentar responder a esta indagação propomos aqui uma reflexão sobre as regras, normas ou convenções que regiam a prática da tradução na Antiguidade Tardia, como elas se aplicaram às fronteiras culturais e ao fluxo de textos cristãos que transitaram entre a parte oriental e ocidental do Império Romano e, quais as consequências e contribuições que ela trouxe para a formação dos dogmas, da exegese bíblica e da teologia cristã católica. Nossa reflexão se dará a partir das discussões que Agostinho e Jerônimo sobre a tradução do Antigo Testamento.

Palavras-chave: Velho Testamento, tradução, cristianismo.

Biografia do Autor

Raquel de Fátima Parmegiani, UFAL

Possui graduação, mestrado e doutorado em História pela Universidade Estadual Paulista - campus de Assis. Tem experiência na área de História Medieval, atuando principalmente nos seguintes temas: história do cristianismo na Hispânia (Alta Idade Média), historia da leitura na Alta Idade Média, recepção de textos bíblicos na escrita e na cultura visual na Alta Idade Média. Atualmente é professora associada II  de história Medieval no curso de História e da pós- graduação em História da Universidade Federal de Alagoas.

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Publicado

2021-05-17

Edição

Seção

Dossiê Temático