As Vicissitudes do Exame Criminológico no Brasil e a Tecnologia do Exame em Michel Foucault: uma análise da formalização do exame criminológico na Lei de Execuções Penais até as discussões legislativas atuais.
DOI:
https://doi.org/10.36482/1809-5267.ARBP-2022v75spe.0007Resumen
O exame foi uma tecnologia disciplinar destacada por Michel Foucault desde os estudos realizados acerca do sistema carcerário. O exame se apresentou como um ponto de desvio nas reformas penais do Século XVIII, conforme nos mostra Foucault, em que a lógica punitiva se afasta das propostas dos reformadores para voltar-se à correção dos infratores e ao controle das virtualidades. No Brasil, o denominado exame criminológico, instrumento de inserção do trabalho da psicologia no âmbito prisional, apresenta-se como a peça chave dessa tecnologia de poder. Inserido na legislação nacional desde a Lei de Execuções Penais, datada de 1984, o exame criminológico se mantém resistente nas práticas penais e nas discussões legislativas, mesmo que tenha sido questionado em sua credibilidade e atestada, por pesquisas, a arbitrariedade das orientações presentes na prática dos laudos. Assim é que o presente artigo pretende fazer uma análise histórica e social da inserção do exame criminológico na legislação brasileira, assim como nas práticas judiciais, levando em consideração a permanência do instituto, mesmo após a retirada da previsão legal em 2003. A metodologia utilizada foi a da análise do discurso com um viés pragmático e dialético, assim como utilizamos a pesquisa documental e qualitativa de leis e projetos de lei, além de pesquisa bibliográfica e análise comparativa.
Citas
AGÊNCIA CÂMARA DE NOTÍCIAS. ONU vê tortura em presídios como “problema estrutural do Brasil”. Disponível em https://www.camara.leg.br/noticias/809067-onu-ve-tortura-em-presidios-como-problema-estrutural-do-brasil/ Acesso em 13 de abril de 2023.
ALMEIDA, Felipe. Reflexões acerca do Direito de Execução Penal. Revista Liberdades nº 17, IBCCRIM, setembro/dezembro de 2014.
ALTOÉ, Sônia. Atualidades da Psicologia Jurídica. Revista de Pesquisadores da Psicologia Jurídica no Brasil. (UFRJ, UFMG, UFJF, UERJ, UNIRIO), Juiz de Fora, ano 1 n. 2, jul/dez. 2001.
ARANTES, Esther. Mediante quais práticas a Psicologia e o Direito pretendem discutir a relação? Anotações sobre o mal-estar In: PIVETES- encontros entre a psicologia e o judiciário. v.1, p. 131-148. Curitiba : Juruá, 2008,
BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e Das Penas. 5 Ed. São Paulo: Edipro, 2000.
BICALHO, Pedro Paulo. REISHOFFER, Jefferson Cruz. Exame criminológico e psicologia: crise e manutenção da disciplina carcerária. Fractal, Revista de Psicologia 29 (1), 2017.
BRANDÃO, Arnaldo. CAZUZA.
O Tempo não Para. Album: O Tempo não Para. Universal Music, 1998.
CAMARA FEDERAL Exposição de Motivos da Lei de Execuções Penais.
CARVALHO, Salo de. O Papel da Perícia Psicológica na Execução Penal. (p.141 – 155). In Psicologia Jurídica no Brasil. Rio de Janeiro: NAU, 2004.
CFP, Conselho Federal de Psicologia. Nota sobre a Resolução CFP que, ao regulamentar a atuação do psicólogo no sistema prisional, impede a realização do exame criminológico pela categoria. Disponível em
https://site.cfp.org.br/nota-sobre-a-resoluo-cfp-que-ao-regulamentar-a-atuao-do-psiclogo-no-sistema-prisional-impede-a-realizao-do-exame-criminolgico-pela-categoria/. Acesso em 14 de abril de 2023, 2010.
CRP SP, Conselho Regional de Psicologia de São Paulo. RESOLUÇÃO CFP 009/2010 - Aspectos éticos, técnicos e jurídicos que fundamentam a Resolução CFP no 009/2010. Disponível em
https://www.crpsp.org/noticia/view/1214/aspectos-eticos-tecnicos-e-juridicos-que-fundamentam-a-resolucao-cfp-n-0092010. Acesso em 13 de abril de 2023.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. 24 ed. Petrópolis: Vozes, 2001.
____. A Verdade e as Formas Jurídicas. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2002.
____. Eu, Pierre Rivière, que degolei minha mãe, minha irmã e meu irmão... um caso de parricídio do século XIX. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1991.
____. A História da Sexualidade: a vontade de saber. 16 Ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2005.
JACÓ-VILELA, Ana Maria. Os Primórdios da Psicologia Jurídica (p.11-18). In Temas de Psicologia Jurídica. Rio de Janeiro: Relume Juruá, 2000.
NASCIMENTO, Maria Lívia (Org). PIVETES: a produção de infâncias desiguais. Rio de Janeiro: Oficina do Autor/Intertexto, 2002.
RAUTER, Cristina. Criminologia e Subjetividade no Brasil. Rio de Janeiro: Renavan, 2003.
___. Pode o Psicólogo Fazer Previsões de Comportamento? Disponível em https://app.uff.br/slab/uploads/texto39.pdf Acesso em 13 de abril de 2023.
SÁ, Alvino Augusto. Criminologia Clínica e Psicologia Criminal. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007
STF. Supremo Tribunal Federal. Súmulas Vinculantes: aplicação e interpretação pelo STF. Brasília : STF, Secretaria de Documentação, 2016
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
La aprobación de los textos implica a cesión inmediata y sin encargos de los derechos de publicación en la Revista Arquivos Brasileiros de Psicologia, que tendrá la exclusividad de publicarlos por primera. El autor continuará, no obstante, a detener los derechos autorales para publicaciones posteriores. En el caso de nueva publicación de los artículos en otros vehículos, se recomienda la mención a la primera publicación en Arquivos Brasileros de Psicologia.
Derechos Autorales para artículos publicados en esta revista son del autor, con derechos a primera publicación en la revista. En virtud de parecer en esta revista de acceso público, los artículos son de acceso gratuito, en aplicaciones educacionales y no comerciales.
Reprodución parcial de otras publicaciones
Manuscritos sometidos que contengan partes de texto extraídas de otras publicaciones deberán obedecer a los límites especificados para garantizar originalidad del trabajo sometido. Se recomienda evitar la reproducción de figuras, tablas y dibujos extraídos de otras publicaciones.
El manuscrito que contener reproducción de una o más figuras, tablas y dibujos extraídos de otras publicaciones sólo será encaminada para análisis si acompañado de permiso escrita del detentor del derecho autoral del trabajo original para la reproducción especificada en Arquivos Brasileros de Psicologia. El permiso debe ser direccionado al autor del trabajo sometido. En ninguna circunstancia Arquivos Brasileros de Psicologia y los autores de los trabajos publicados en esta Revista harán un repaso de los derechos obtenidos.