Reflexões Sobre a Série Recôncavo, Brasil

Autores

  • Rogério Loureiro Antunes Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Geociências, Departamento de Geologia. Av. Athos da Silveira Ramos, 274, 21941-916, Rio de Janeiro, RJ.
  • Ricardo Latgé Milvard de Azevedo Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Geociências, Departamento de Geologia. Av. Athos da Silveira Ramos, 274, 21941-916, Rio de Janeiro, RJ.
  • Janaína Teixeira Lobo Associação Brasileira de Geólogos de Petróleo (ABGP). Av. Almirante Barroso, 52, 21º andar, 20031-000, Rio de Janeiro, RJ.

DOI:

https://doi.org/10.11137/2018_2_276_296

Palavras-chave:

Cronoestratigrafia, Geocronologia, Série Recôncavo

Resumo

Unidades cronoestratigráficas são de fundamental importância para a Geologia. É com base nos limites dessas unidades que as cronocorrelações são realizadas. Vários são os critérios de definição e reconhecimento das mesmas. Apesar de alguns senões, os eventos fósseis figuram dentre os elementos mais importantes para a definição e caracterização dessas unidades. Apresenta-se, neste trabalho, uma breve revisão das unidades cronoestratigráficas e de sua aplicabilidade, com ênfase na Série Recôncavo. O estágio atual da correlação de seus andares com aqueles do Jurássico Superior-Cretáceo Inferior é discutido. São sugeridas algumas linhas de investigação para que os andares desta importante série brasileira adquiram uma nova roupagem, mais de acordo com as normas dos códigos estratigráficos mais recentes. Além destas sugestões e visando o estabelecimento mais acurado de sua geocronologia, valoriza-se a aplicação do método de datação radiométrica Rb/Sr em rocha total. Os poucos resultados disponíveis a partir desta metodologia contradizem a correlação clássica da Série Recôncavo com o Jurássico Superior-Cretáceo Inferior. É o caso dos andares Dom João e parte do Rio da Serra, cujos dados mais recentes sugerem associá-los ao Triássico. As medições radiométricas disponíveis na literatura também implicam alterações na base regional do Andar Albiano, ou do topo do Andar Alagoas. Esta passaria a coincidir com a base da espessa camada de sal relacionada ao “Evento Ibura”, com ampla ocorrência regional, nas bacias de Santos até Sergipe-Alagoas. Tal proposição contrapõe-se à nova tendência observada em trabalhos recentes, os quais identificam o limite Aptiano-Albiano em fácies marinhas (plataforma carbonática) pós-evaporíticas daquelas mesmas bacias, por meio de microfóssseis, em especial foraminíferos planctônicos. Considera-se que tal contradição aparente entre metodologias distintas reflita o diacronismo na extinção destes microfósseis. A possança deste gigantesco depósito de evaporitos no proto-oceano Atlântico Sul, um mar epicontinental formado a partir de águas vindas do norte (Mar de Tetis), teria desequilibrado as condições paleoambientais das águas superficiais oceânicas a nível global. Uma das possíveis consequências desta desestabilização pode ter sido o distúrbio (turnover) observado na fauna de foraminíferos planctônicos no estratótipo do limite Aptiano-Albiano e em outras seções coevas ao redor do mundo.

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Publicado

2019-09-09

Edição

Seção

Artigos