Memórias, “analogias e transposições poéticas”

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Résumé

Em Pequenos poemas em prosa: o spleen de Paris (1869), precisamente em “O quarto duplo”, Charles Baudelaire relacionou a memória ao tempo com uma nota de amargura: “O Tempo reapareceu; o Tempo agora reina soberano; e com o hediondo velho voltou todo o seu demoníaco cortejo de Lembranças, Desgostos, Espasmos, Medos, Angústias, Pesadelos, Raivas e Neuroses”. Alguns anos mais tarde, com uma abordagem especulativa inspirada por autores como Baudelaire e Gérard de Nerval, a obra de Marcel Proust atribuiu relevância e novas possiblidades de análise ao tema da memória como viagem no tempo. Na literatura brasileira, influenciado pela similaridade das perspectivas de Baudelaire e Proust sobre o tópico, Pedro Nava explorou a ideia da memória como mecanismo criativo e poético. Comparando excertos das obras de Baudelaire, Proust e Nava, este ensaio pretende examinar a noção de memória evocativa discutindo-a como elemento essencial do processo de composição literária.

Biographie de l'auteur

Maria Alice Ribeiro Gabriel, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG

Doutora em História Social pela Universidade de São Paulo, USP.

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Publiée

2019-07-26

Numéro

Rubrique

Dossiê