A expressividade nos cantos ritualísticos de vissungos
DOI:
https://doi.org/10.59508/geoafrica.v3i9.63912Palavras-chave:
Português brasileiro, Transmissão linguística irregular, VissungoResumo
O pressuposto de que as variedades populares do português brasileiro foram influenciadas pelas mudanças induzidas entre o contato das línguas em sua formação norteia a proposição de uma “variedade afro” do português, tal como postula Lucchesi (2009). Entre as mais variadas formas de dominação presentes nesse contexto, a língua de superstrato ou língua-alvo, que se entende como a do grupo dominante, se impõe de modo que os usuários de outras línguas, em sua maioria adultos, são induzidos a aprendê-la, apesar das condições bastante precárias de aprendizado, em virtude de marginalização dos indivíduos. Na visão de Lucchesi (2009), ao levarmos em consideração as falas das comunidades afrocentradas do campo, tem-se a variedade do português mais influenciada pelo contato entre as línguas. Desse modo, surge o português afro-brasileiro, fruto dos processos de mudanças, por meio do contato entre as línguas, baseados em uma transmissão irregular, além de estarem associados a outros fatores, como intercorrências históricas, que forjaram as comunidades da diáspora. Entendidos como expressão de uma comunidade étnica, os vissungos ocupam um lugar de grande relevância para as comunidades das quais fazem parte. Tal pensamento nos leva a crer na estreita relação entre língua e a expressão cultural de uma dada etnia. A hipótese desta pesquisa é a seguinte: se o português foi afetado, em seu desenvolvimento histórico, pelo contato maciço entre línguas de tronco linguístico banto, as consequências desse processo serão notáveis nos vissungos, os cânticos de mesma origem que representam as manifestações de afro-brasileiros durante os momentos de força laboral. Por fim, esta dissertação tem por objetivo analisar os traços da transmissão linguística irregular nos vissungos, com base nos prismas morfossintático, fonético e lexical.
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