Puta: a sintaxe e a semântica de um controverso intensificador

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35520/diadorim.2020.v22n2a34290

Palavras-chave:

Semântica, Adjetivos Escalares, Dimensão Expressiva, Intensificação.

Resumo

O artigo discute aspectos sintáticos e semânticos da expressão intensificadora puta, a partir de uma abordagem formal do significado. Embora apareça precedendo um nome dentro do sintagma nominal, argumentamos que semanticamente o termo modifica a combinação do nome com um adjetivo, seja ele explícito ou não. Se o adjetivo estiver implícito, ele sempre faz avaliação positiva; ao passo que se estiver explícito, a avaliação positiva ou negativa depende da conotação do adjetivo adjunto do nome. Mostramos também que isso desencadeia uma ambiguidade estrutural, vista em sintagmas como uma puta festa legal, que pode designar “uma festa muito boa e legal” ou “uma festa muito legal”. Argumentamos também que puta contribui para as condições de verdade, sendo similar ao significado de muito, isto é, alça o padrão contextual da escala dada pelo adjetivo; enquanto no plano expressivo designa envolvimento subjetivo do falante, sendo, portanto, um item veri- e uso-condicional, um item misto.

Biografia do Autor

Renato Miguel Basso, Universidade Federal de São Carlos

Professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Doutor e mestre em Linguística pela Unicamp.

Luisandro Mendes de Souza, Universidade Federal do Paraná

Licenciado em Letras (português/inglês) pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória (PR). Mestre e Doutor em Linguística (Teoria e Análise) pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professor Adjunto no Departamento de Literatura e Linguística do Setor de Ciências Humanas da Universidade Federal do Paraná.

Referências

BACH, K. The myth of conventional implicatures. Linguistics and Philosophy, vol. 22, n. 4 p. 327-366, (Aug., 1999).

BURNETT, H. A delineation solution to the puzzles of absolute adjectives. Linguistics & Philosophy, n. 37, p. 1-39, 2014.

BYLININA, L.; SUDO, Y. Varieties of intensification: remarks on Beltrama and Bochnak ‘Intensification without degrees crosslinguistically’. Natural Language and Linguistic Theory, n. 33, p. 881–895, 2015.

CHAIN, S. P. Classificações gramaticais da palavra ‘puta’. Odisseia, Natal, vol. 3, n. 2, p. 145-162, jul-dez 2018.

CRESSWELL, M. The Semantics of degree. In: PARTEE, B. (Org.) Montague grammar. New York: Academic Press, 1976. p. 261-292.

DEMONTE, V. Adjectives. In: von HEUSINGER, K.; MAIENBORN, C.; PORTNER, (orgs.) Semantics: an international handbook of natural language meaning. Berlin: Walter de Gruyter, 2011. p. 1314-1340.

FERREIRA, M. B. Curso de semântica formal. Berlin: Language Science Press, 2018.

FOLTRAN, M. J.; NÓBREGA, V. Adjetivos intensificadores no português brasileiro: propriedades, distribuição e reflexos morfológicos. Alfa, 60(2), p. 319-340, 2016.

GRICE, H. P. Logic and conversation. In: COLE; P.; MORGAN, J. L. (Orgs.). Syntax and semantics 3: Speech Acts. New York: Academic Press, 1975. p. 41-58.

GUTZMANN, D. Use-conditional meaning: studies in multidimensional semantics. Oxford University Press, 2015.

KENNEDY, C. Projecting the adjective. PhD Dissertation. University of California at Santa Cruz, 1997.

_____. Vagueness and grammar: the semantics of relative and absolute gradable adjectives. Linguistics and Philosophy, 30(1), p. 1-45, February 2007.

KENNEDY, C.; McNALLY, L. Scale structure, degree modification, and the semantics of gradable predicates. Language, 81(2), p. 345-381, 2005.

KLEIN, E. A semantics for positive and comparative adjectives. Linguistics and Philosophy 4, p. 1-45, 1980.

McCREADY, E. S. Varieties of conventional implicature. Semantics and Pragmatics, vol. 3, n. 8, p. 1-57, 2010.

McNABB, Y. The sintax and semantics of degree modification. PhD Dissertation, University of Chicago. Chicago, 2012.

MORZYCKI, M. Several faces of adnominal degree modification. In: CHOI, J. et al. (orgs.). Proceedings of the 29th West Coast Conference on Formal Linguistics. Somerville, MA: Cascadilla Proceedings Project. 2011. p. 187-195

_____. Modification. Cambridge University Press, 2016.

PARTEE, B.; KAMP, H. Prototype theory and compositionality. Cognition, 57, p. 129-191, 1995.

PIRES DE OLIVEIRA, R. A gramática do sentido na escola. In: MARTINS, M. A. (org.). Gramática e ensino. Natal: Editora da UFRN, 2013. p. 229-260.

PIRES DE OLIVEIRA, R.; BASSO, R. Arquitetura da conversação: a teoria das implicaturas. São Paulo: Contexto, 2016.

POTTS, C. The logic of conventional implicatures. PhD Dissertation. University of California at Santa Cruz, 2003.

_____. The expressive dimension. Theoretical Linguistics, 33(2), p. 165-198, 2007.

QUADROS-GOMES, A. P.; SANCHEZ-MENDES, L. Para conhecer: semântica. São Paulo: Contexto, 2018.

QUADROS-GOMES, A. P. A semântica de grau em PB. Anais do SILEL, vol. 2, n. 2, Uberlândia, EDUFU, 2011.

RECANATI, F. Literal meaning. Cambridge: Cambridge University Press, 2004.

van ROOIJ, R. Vagueness in linguistics. In: RONZITTI, G. (eds.). Vagueness: a guide. Springer, 2011. p. 123-170.

ROTSTEIN, C.; WINTER, Y. Total adjectives vs. partial adjectives: Scale structure and higher-order modifiers. Natural Language Semantics, n. 12, p. 259–288, 2004.

SOUZA, L. M. A intensificação de adjetivos: fatores contextuais. Revista de Estudos da Linguagem, vol. 27, n. 2, 507-547, abr/jun de 2019a.

_____. Adjetivos graduais e a interpretação de maximizadores e minimizadores. Revista Estudos da Linguagem, vol. 27, n. 1, 2019b, p. 13-48.

Downloads

Publicado

2020-12-23

Edição

Seção

Dossiê de Língua/Language Dossier