Provocações morfológicas à gramática cognitiva

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35520/diadorim.2020.v22n2a34366

Palavras-chave:

Morfologia, Semântica, Gramática Cognitiva, Linguística Cognitiva.

Resumo

Este artigo discute motivações semânticas sobre a morfologia nos termos da gramática cognitiva, modelo da linguística cognitiva. Para tanto, recupera as distinções entre coisa e relação, tipo e instância, autonomia e dependência, analisabilidade e composicionalidade, tendo em vista demonstrar que a morfologia tem lugar desde o início do modelo e defender a articulação entre a formação de significados e a formação de palavras com base na polissemia. O enfoque no uso criativo das construções (produtividade) implica deslocar a prioridade de um processo cognitivo de domínio geral, a esquematização, para um processo cognitivo de domínio específico, a instanciação. A principal conclusão é que a noção de interface morfologia-semântica é menos adequada ao modelo que a concepção da morfologia como uma das manifestações da semântica.


Biografia do Autor

Janderson Lemos de Souza, Universidade Federal de São Paulo

Professor do Departamento de Letras (área de Estudos da Linguagem) e do Programa de Pós-graduação em Letras (área de Estudos Linguísticos) da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

Referências

ALMEIDA, M. L. L. de; LEMOS DE SOUZA, Janderson; KEWITZ, Verena. Preposições complexas: moldes e modos. In: TENUTA, Adriana; COELHO, Sueli (org.). ANDRADE, A. D. A metáfora no Discurso das Ciências. 2010.174 f. Dissertação (Mestrado em Letras-Linguística) - Programa de Pós-Graduação em Letras, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife, 2010.

BROWN, T. L. Making Truth: Metaphor in Science. Urbana, Illinois: University of Illinois Press, 2003.

CAMERON, L. Metaphor in educational discourse. London: Continuum. 2003.

CAMERON, Lynne. Identifying and describing metaphor in spoken discourse data. In: CAMERON, Lynne. LOW, Graham (Orgs.). Researching and Applying Metaphor. Cambridge: Cambridge University Press, 1999. p. 105-134.

COOK, G. The Discourse of Advertising. London: Routledge, 2001.

DAVIES, M. Corpus of News on the Web (NOW). Disponível em: <https://www.corpusdoportugues.org/now/, 2020>. Acesso 02 abr. 2020.

EUBANKS, P. A War of Words in the Discourse of Trade: The Rhetorical Constitution of Metaphor. Carbondale: Southern Illinois University Press, 2000.

FORCEVILLE, C. Pictorial Metaphor in Advertising. London: Routledge, 1996.

GIL, M. M. Metáfora no ensino de língua materna: em busca de um novo caminho. 2012. 156 f. Dissertação (Mestrado em Letras- Linguística Aplicada) – Programa de Pós-Graduação em Letras, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, 2012.

HOBBES, T. Leviathan. (Org.) HAY, Rod. London: McMaster University Archive of the History of Economic Thought, 1997. Originalmente publicado em 1651.

KELLER, E.. F. Refiguring Life: Metaphors of Twentieth-century Biology. New York: Columbia University Press, 1995.

KUHN, T. S. Metaphor in Science. In: ORTONY, Andrew (Org.). Metaphor and Thought. 2 ed. Cambridge: Cambridge University Press, 1993. p. 533-542.

LAKOFF, G.; ESPENSON, J.; SCHWARTZ, A.. Master Metaphor List. 2ª ed. California: Cognitive Linguistics Group University of California at Berkeley, 1991. Disponível em < http://araw.mede.uic.edu/~alansz/metaphor/METAPHORLIST.pdf>. Acesso em: 04 abr. 2020.

LAKOFF, G. Conceptual Metaphor Home Page. California, University of California, Berkeley, 22 mar. 1994. Disponível em < http://www.lang.osaka-u.ac.jp/~sugimoto/MasterMetaphorList/MetaphorHome.html>. Acesso em: 03 abr. 2020.

LAKOFF, G. JOHNSON, M. Metáforas da vida cotidiana. Tradução ZANOTTO, Mara Sophia et al. São Paulo: Editora Mercado de Letras, 2002. Originalmente publicado em 1980.

LEARY, D. E. Metaphors in the History of Psychology: Cambridge: Cambridge University Press, 1990.

MUSOLFF, A. Metaphor and Political Discourse: Analogical Reasoning in Debates about Europe. Basingstoke: Palgrave Macmillan, 2004.

NETO, A. C. S.; FOSSILE, D. K.; HERÊNIO, K. K. P. A Metáfora no Livro Didático de Ensino Médio: um Estudo Feito a partir dos Manuais Aprovados Pelo PNLD 2014. Fórum Linguístico, Florianópolis, v.12, n.3, p.7 71 - 785, 2015.

NERLICH, B. HALLIDAY, C. Avian flu: the creation of expectations in the interplay between science and the media. Sociology of Health and Illness, Leeds, Inglaterra, Vol. 29, n.1, p. 46-65, Jan.-Feb., 2007.

PRAGGLEJAZ MIP: a method for identifying metaphorically used words in discourse. Metaphor and Symbol. Oxford, v. 22, n.1, p. 1-39, 2007.

MEDALAR, Beth. Sistema Imunológico. Mountain View: Google, 2016. (12 min 48 s). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=mSFy3GlNMjs>. Acesso em: 01 abr. 2020.

RAMOS, Kennedy. Sistema Imunológico. Mountain View: Google, 2018. (34 min 48 s). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=lW_pOyMy74w&list=PLh1nSI6Y-RoMkTa357_rh0J2xO7MJE29T&index=5 >. Acesso em: 02 abr. 2020.

REISFIELD, G. M.; WILSON, G. R. Use of Metaphor in the Discourse on Cancer. Journal of Clinical Oncology, Alexandria, Virginia, v. 22, n.19, p. 4024- 4027, set-out, 2004.

SEMINO, E. Metaphor in Discourse. Cambridge: Cambridge University Press, 2008.

SONTAG, Susan. AIDS and its Metaphors: London: Penguin, 1988.

TEMMERMAN, Rita. Metáforas pelas quais as biociências vivem. In: SIQUEIRA, Maity; OLIVEIRA, Ana Flávia Souto de. (Orgs.). Cadernos de Tradução – Linguística Cognitiva. 31ª ed. Porto Alegre: Instituto de Letras da UFRGS, 2012. P. 127-142.

VILELLA, Marcos Marreiro; FERRAZ; Marcela Lencine. Dicionário de Ciências Biológicas e Biomédicas. 2ª ed. São Paulo: Atheneu, 2015.

: perspectivas teóricas e descritivas. Belo Horizonte: FALE/UFMG, 2018, p. 157-180.

BASILIO, M. Teoria lexical. São Paulo: Ática, 1987.

BASILIO, M. Polissemia sistemática em substantivos deverbais. Ilha do Desterro, Florianópolis, n. 47, 2004, p. 49-71.

BASILIO, M. Abordagem gerativa e abordagem cognitiva na formação de palavras: considerações preliminares. Linguística, Rio de Janeiro, v. 6, n. 2, 2010, p. 1-14.

CASTILHO, A. T. de. Nova gramática do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2010.

DANCYGIER, B.; SWEETSER, E. Figurative language. New York: Cambridge University Press, 2014.

KEWITZ, V.; ALMEIDA, M. L. L. de; LEMOS DE SOUZA, J. Algumas dimensões espaciais do português: o caso de cerca, cima e baixo. In: ILARI, Rodolfo; BASSO, Renato (org.). História do português brasileiro. Vol. 8: História semântica do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2020, p. 302-345.

GIBBS Jr., R. Why cognitive linguists should care more about empirical methods. In: GONZALEZ-MARQUEZ, M.; MITTELBERG, I.; COULSON, S.; SPIVEY, M. (ed.). Methods in cognitive linguistics. Amsterdam / Philadelphia: John Benjamins Publishing Company, 2006, p. 2-18.

LANGACKER, R. Foundations of cognitive grammar. V. I: theoretical prerequisites. Stanford: Stanford University Press, 1987.

LANGACKER, R. Cognitive grammar: a basic introduction. Oxford, New York: Oxford University Press, 2008.

LANGACKER, R. Investigations in cognitive grammar. Berlin, New York: Mouton de Gruyter, 2009.

LANGACKER, R. Morphology in cognitive grammar. In: AUDRING, Jenny; MASINI, Francesca (ed.). The Oxford handbook of morphological theory. Online publication (www.oxfordhandbooks.com): jan. 2019, p. 1-21.

LEMOS DE SOUZA, J. A distribuição semântica dos substantivos deverbais em -ção e -mento no português do Brasil: uma abordagem cognitiva. UFRJ, tese de doutorado, 2010. Orientação: Maria Lucia Leitão de Almeida. Co-orientação: Carlos Alexandre Gonçalves.

LEMOS DE SOUZA, J. Delimitação de unidades lexicais: problema dissolvido pela linguística cognitiva. Anais do II Colóquio Brasileiro de Morfologia, Rio de Janeiro, 2013, p. 129-138.

LEMOS DE SOUZA, J. Formas livres e formas presas: um clássico revisitado com olhar cognitivista. Linguística, Rio de Janeiro, v. 12, 2016, p. 131-146.

MAURER Jr., T. H. A unidade da România Ocidental. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, 1951.

MAURER Jr., T. H. Gramática do latim vulgar. Rio de Janeiro: Livraria Acadêmica, 1959.

SAID ALI, M. Gramática histórica da língua portuguesa. 8 ed. revista e atualizada por Mário Viaro. São Paulo: Melhoramentos, Brasília: Editora da UnB, 2001.

SILVA, A. C. da. “Multiletramento”, “multimodalidade”, “multitela”, “multitv”: a construção [multi + X] no português brasileiro segundo a gramática cognitiva. UNIFESP, dissertação de mestrado, 2019. Orientação: Janderson Lemos de Souza.

SOARES DA SILVA, A. O mundo dos sentidos em português: polissemia, semântica e cognição. Coimbra: Almedina, 2006.

SOUZA, M. P. L. de. “Açaiteria”, “esmalteria”, “risadaria”: a construção [X + a/eria] no português brasileiro segundo a gramática cognitiva. UNIFESP, dissertação de mestrado, inédito. Orientação: Janderson Lemos de Souza.

SWEETSER, E. From etymology to pragmatics: metaphorical and cultural aspects of semantic structure. Cambridge Studies in Linguistics 54. Cambridge: Cambridge University Press, 1990.

TRAUGOTT, E.; TROUSDALE, G. Constructionalization and constructional changes. Oxford: Oxford University Press, 2013.

Downloads

Publicado

2020-12-23

Edição

Seção

Dossiê de Língua/Language Dossier