Notas sobre o silêncio da primeira recepção de <em>Tutameia: terceiras estórias</em>

Autores

  • Maryllu de Oliveira Caixeta UNESP

DOI:

https://doi.org/10.35520/diadorim.2013.v13n0a3990

Resumo

Tutameia: terceiras estórias foi a última produção literária editada por João Guimarães Rosa, em vida. Apesar de ter sido um livro bastante vendido, já desde o final da década de 60, Tutameia não foi muito estudado pela crítica nos primeiros vinte anos de edição. Tutameia: engenho e arte, de Vera Novis, atribuia reação da primeira crítica ao humor excessivo e às inúmeras inovações estruturais. Com base no artigo “Grande sertão: veredas e o ponto de vista avaliativo do autor”, de João Adolfo Hansen, infiro que Tutameia, notadamente seus quatro prefácios, avalia, para o leitor, as próprias estruturas narrativas que inovam por negarem e ironizarem padrões tradicionais de representação como o clássico e o realista. Tutameia reverte os modelos clássicos de mímesis que, de acordo com Mímesis e modernidade, de Luiz Costa Lima, pressupõem a dualidade do real e do representado. Ao elogiar o caráter épico de alguns romances, Lukács afirmava, sob a influência de Hegel, que a forma ainda poderia servir de mediação à realidade com o auxílio dos sistemas filosóficos e dos modelos do discurso histórico. Contra essa possibilidade, um romântico como Friedrich Schlegel propusera o romance como forma negativa na aurorada modernidade, quando escritores intelectualizados e metafisicamente sós não poderiam compartilhar experiências comunitárias, mas endereçar formas irônicas quanto ao próprio caráter demasiado humano a leitores igualmente solitários. Este artigo apresenta alguns aspectos da primeira recepção de Tutameia para pensar seu silêncio como uma reação ao humor e à hipertrofia da forma que ironizamos padrões clássico e realista de representação.

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Publicado

2013-06-28

Edição

Seção

Literatura Brasileira