Valor fonético das vogais médias postônicas em jornais oitocentistas gaúchos
DOI:
https://doi.org/10.35520/diadorim.2013.v14n0a4059Resumo
Um dos problemas mais difíceis do vocalismo do português antigo é o valor fonético a ser atribuído às letras e e o quando não derivadas das formas tônicas do latim (Naro, 1973). Não há evidências diretas que atestem a realização dessas vogais como [e, o] ou [i, u] em português antigo. A ortografia revela ocorrências acidentais de registros variáveis, e as gramáticas dos séculos XVI, XVII XVIII alertam sobre a relação estreita dessas letras. Conforme Câmara Jr (1971), no português brasileiro moderno, as sete vogais /a, e, E, o, Â, u/ passam a três, /a, i, u/, em decorrência de um processo de neutralização entre vogais médias e vogais altas, condicionado prosodicamente. Entretanto, esse processo não é categórico no português brasileiro. Estudos sobre esse fenômeno na fala do sul do Brasil, sob a ótica da sociolinguística laboviana, revelam que a neutralização atua como uma regra variável, pois são encontradas realizações ora como vogais médias [e, o], ora como vogais altas [i,u], como, por exemplo, nas formas pent[e], alternado com pent[i]; bordad[o], como bordad[u], entre outros. Com base em um levantamento grafemático das letras e/o em contexto postônico, o presente trabalho objetiva contribuir para a descrição de sincronias passadas da língua portuguesa através de possíveis registros de alteamento de vogais postônicas. A variação gráfica entre e/i e o/u em jornais oitocentistas sul rio-grandenses encontrada em periódicos não permitiu verificar o comportamento variável das vogais átonas finais, pela escassez de dados. No entanto, há indícios grafológicos variáveis de alçamento em vogais pretônicas que evidenciariam a instabilidade de realização das vogais médias átonas, não transparente para vogais postônicas, cuja norma escrita se encontra consolidada desde muito tempo. Parece haver uma neutralização entre sons, manifestada pela opção da escolha de um só grafema.
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