ANÁLISE PROSÓDICA DA CERTEZA E DA INCERTEZAEM FALA ESPONTÂNEA E ATUADA

Autores

  • Leandra Batista Antunes Universidade Federal de Ouro Preto
  • Véronique Aubergé Université de Grenoble

DOI:

https://doi.org/10.35520/diadorim.2015.v17n2a4077

Resumo

Os afetos sociais do locutor podem ser decisivos para a interação verbal. No âmbito da modalidade epistêmica, certeza e incerteza são afetos sociais que podem determinar a construção dos sentidos, e entender como esses afetos são expressos pode contribuir para investigações no campo dos estudos linguísticos. A prosódia da certeza e da incerteza foi estudada em português brasileiro principalmente na fala atuada (AZEVEDO, 2007; SILVA, 2008; OLIVEIRA, 2011; MORAES, 2011), que, de acordo com estudos de Audibert e colegas (2010) para o francês, é reconhecida como diferente da espontânea por suas características prosódicas. Para o estudo da certeza e incerteza em português brasileiro foi construído um corpus de expressão espontânea (embora lexicalmente controlada) dessas atitudes (ANTUNES; AUBERGÉ; SASA, 2014). Neste trabalho, foram analisadas as principais pistas prosódicas de expressão de (in)certeza nas respostas espontâneas e atuadas a questões factuais nesse corpus, tais como medidas de duração e frequência fundamental (f0), para verificar possíveis diferenças entre a expressão desses afetos em fala espontânea e atuada. As características prosódicas de expressão da incerteza, tanto na fala espontânea quanto na atuada, consistem no uso de um maior tempo de latência, de valores mais altos de f0, de um movimento final de f0 ascendente, de prolongamentos e de pausas preenchidas, o que a difere da certeza. No entanto, algumas dessas características são acentuadas na expressão atuada, tornando-se esta uma caricatura do que acontece na expressão espontânea; portanto, certeza e incerteza são expressas de forma distinta em fala espontânea e atuada.

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Publicado

2015-12-26