O IMPÉRIO QUE NÃO HÁ: PORTUGAL NA POESIA DE MANUEL ALEGRE

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35520/diadorim.2022.v24n2a51120

Palavras-chave:

Manuel Alegre, Semiperiferia, Intertextualidade, Camões, Fernando Pessoa.

Resumo

Boaventura de Sousa Santos (2003) afirma que, desde o século XVII, Portugal é um país semiperiférico no sistema mundial capitalista, pois, ao longo dos anos, manteve um desenvolvimento econômico intermédio e ocupou uma posição intermediária entre o centro e a periferia. Margarida Calafate Ribeiro ratifica a condição intermediária de Portugal em decorrência, primeiro, da tensão entre a nação e o seu império e, segundo, da tensão entre Portugal e a Europa e salienta que tal condição provocou a coexistência no imaginário coletivo português de dois tipos de discurso: o épico e o de perdição. O objetivo deste artigo é analisar a ocorrência do segundo na produção poética de Manuel Alegre, verificando em que medida Portugal é representado como periferia da Europa. Paralelamente, apontaremos o contributo da intertextualidade com Camões e Fernando Pessoa para tal representação. Serão de grande valia, em nosso percurso analítico, as proposições de Julia Kristeva, Boaventura de Sousa Santos, Margarida Calafate Ribeiro e Eduardo Lourenço. Imagens poéticas como as “naus que não mais” e “o império que não há”, além de nos remeterem ao imaginário coletivo dos portugueses e aos precursores do poeta, apontam – sobretudo pelo signo da ausência, de forma melancólica – para a condição periférica de Portugal na Europa.

 

 

Biografia do Autor

Carina Marques Duarte, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Professora Adjunta de Literatura Portuguesa na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Realizou estàgio pós-doutoral em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É líder do Grupo de Pesquisa Literatura e Tempos Sombrios.

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Publicado

2023-06-19

Edição

Seção

Dossiê de Literatura/Literature Dossier