Jogos sonoros no barroco brasileiro: sentido e nonsense nos poemas por “consoantes forçados”
DOI:
https://doi.org/10.35520/diadorim.2024.v26n2a60288Palavras-chave:
Literatura barroca, jogos sonoros, rima, Gregório de MatosResumo
Fala-se frequentemente da dimensão experimental e do trabalho linguístico do barroco, mas pouca atenção tem sido dada ao aspeto sonoro na sua articulação com a produção de sentido, em particular ao nível da rima. Alguns poetas barrocos nascidos no Brasil (ou América portuguesa) destacam-se nesta matéria se comparados com os seus congéneres mais próximos (da metrópole portuguesa ou mesmo de Espanha). Em textos desses autores é possível detetar: a) por um lado, uma espécie de luta entre o oral e o escrito (e de algum modo também entre o visto e o lido) – estes poemas parecem concebidos para a oralidade e, portanto, para a recitação e a escuta coletivas, tendo assim uma clara dimensão performativa; b) por outro, uma espécie de luta contra o sentido, que acaba diluído – ou pela repetição ou pela insistência em sons estranhos.
Segundo o autor deste artigo, essa prática tem uma dimensão subversiva: para além do alcance particular, corrosivo, que tem em cada poema, provoca uma consequência mais geral, que põe em causa a linguagem como princípio estruturador e organizador do mundo. O objetivo do artigo é, pois, a fundamentação dessa ideia e a exemplificação dessa prática, com a análise de exemplos concretos.
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