A voz do orgulho: a casa, o traje e o corpo em Crônica da casa assassinada, de Lúcio Cardoso

Autores

  • Thiago Franklin de Souza Costa Universidade federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.35520/diadorim.2024.v26n1a64475

Resumo

O presente artigo tem como objetivo analisar Crônica da casa assassinada, de Lúcio Cardoso, a partir da ambiguidade que se estabelece ao conceito de verdade. Seguindo as várias vozes presentes na obra, fica evidente que uma só verdade seria impossível, porém uma só verdade busca se sobrepor às outras. Essa é a voz do orgulho que tenta minar a alteridade a fim de fazer prevalecer o costume conservador. Propriedade, tradição e religião, como instituições conservadoras, determinam a casa, os trajes e os corpos. O ser vê-se rendido a um modo de ser previamente determinado. Duas possibilidades de vida surgem como forças contrárias, o que gera, nos personagens, uma cisão existencial. Para desenvolver a argumentação, aproveitamo-nos, sobretudo, da metáfora do bolor e da terminologia das cinco peles desenvolvidas pelo arquiteto Friedensreich Hundertwasser, comentadas por Pierre Restany, e do paroxismo na narrativa proposto por Renato Cordeiro Gomes. Desse modo, é possível traçar a relação existente entre corpo, traje e casa diante da identidade social repressora e diante da manifestação da alteridade, representada por Nina. A personagem feminina é aquela que, pela simples presença, repercute uma sequência de transformações na chácara da família Meneses, em Vila Velha. São essas transformações que levaram ao paroxismo existencial presente nos relatos, sobretudo de Ana.

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Publicado

2024-12-30

Edição

Seção

v26n1 - LIT: Pelas linhas do texto e do tecido: diálogos possíveis entre Literatura e Moda