A Cracolândia sob urbanismo militar: A implantação do SIAT II Acolher Helvétia e a continuidade da lógica de dor e sofrimento

Auteurs-es

DOI :

https://doi.org/10.4322/dilemas.v17.n.2.58117

Mots-clés :

Cracolândia, políticas públicas, violência policial, urbanismo militar, Operação Caronte

Résumé

Neste artigo nos propomos a pensar a implantação do SIAT II Acolher Helvétia, durante a chamada Operação Caronte, como parte de uma lógica de atuação governamental na Cracolândia explicitada pela primeira vez na operação Dor e Sofrimento. Ancorados na experiência pregressa dos autores em pesquisas de campo na região, realizamos uma ampla pesquisa bibliográfica e documental que nos permitiu verificar que as ações dos governos estadual e municipal passaram a assumir um caráter militarizado de dispersão e concentração dos usuários de crack. No intuito inicial de ocupar serviços públicos subutilizados, essas ações acabaram por estabelecer ali uma situação de guerra generalizada. Concluímos que as ações do município e do governo do estado em torno da Operação Caronte mantiveram a principal tendência da atuação governamental na Cracolândia: a de tornar insuportáveis as condições de vida nas ruas e, ao provocar dor e sofrimento, expulsar os usuários de crack pela imposição do tratamento baseado na abstinência.

Bibliographies de l'auteur-e

Ygor Diego Delgado Alves, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil

Doutor em Antropologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e mestre e graduado em Ciências Sociais (Antropologia) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Realizou pós-doutorado em Saúde Coletiva pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com auxílio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e bolsa Pós-Doutorado Júnior pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Pedro Paulo Gomes Pereira, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil

Professor titular de Antropologia e professor do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). É coordenador do Núcleo de Pesquisa em Diferenças, Direitos Humanos e Saúde (Quereres). Tem doutorado e mestrado em Antropologia pela Universidade de Brasília (UnB), realizou pós-doutorado na Universidade de Barcelona, onde também foi pesquisador visitante de pós-doc, e é bolsista da Fundación Carolina, pela qual realiza pesquisa na Universidade Rovira i Virgili.

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Publié-e

2024-05-23