O MODELO BIOMÉDICO DOS CORPOS BRANCOS CISHETERONORMATIVOS E AS BARREIRAS DE ACESSO À SAÚDE PARA OS CORPOS DESVIANTES

Autores

Palavras-chave:

estresse de minorias, opressões, saúde coletiva, saúde pública, medicina.

Resumo

O modelo biomédico vigente seria mais uma forma de necropolítica? Os pressupostos do necropoder tratados por Achille Mbembe (2019) podem dialogar com essa perspectiva. A discriminação de corpos para impedir o acesso à saúde se constitui em mais uma forma de subjugação da vida ao poder da morte, se não pela ação das armas, mas pelas barreiras de acesso aos serviços de saúde, com o aniquilamento da vida por uma miríade de enfermidades. Negros, indígenas, pessoas com deficiência e população LGBTQIA+ encontram obstáculos para obterem assistência médico-hospitalar que são decorrentes de questões estruturais próprias do modelo econômico vigente desde a modernidade. As barreiras de acesso são elucidadas em detalhes pelo olhar da interseccionalidade. Discute-se no artigo a alternativa de formação de profissionais de saúde em medicina de família e de comunidade como outro paradigma para a assistência universal, equitativa e integral dos serviços de saúde, nos marcos da luta anticapitalista.

Biografia do Autor

Luciano da Silva Alonso, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Médico veterinário, anatomista, doutor em ciências (USP - 2005) professor do Departamento de Anatomia Animal e Humana do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde da UFRRJ.

Referências

ANDRADE, H. S.; ALVES, M. G. M.; CARVALHO, S. R.; JÚNIOR, A. G. S. (2018) A formação discursiva da Medicina de Família e Comunidade no Brasil. Physis: Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 28(3), e280311

BASTOS, L. A. M.; PROENÇA, M. A. (2000). A prática anatômica e a formação médica. Revista Panamericana de Salud Publica/Pan Am J Public Health 7(6)

BONET, O. (2014). Os médicos da pessoa: um olhar antropológico sobre a medicina de família no brasil e na argentina. 1 ed. Rio de janeiro: 7 letras.

BUSS, P. M. FILHO, A. P. (2007) A saúde e seus determinantes sociais. PHYSIS: Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 17(1):77-93

BUTLER, J. (2019). Corpos que importam. Os limites discursivos do “sexo”. 1ª Ed. São Paulo.

CALAZANS, G.; KALICHMAN, A.; SANTOS, M. R.; PINHEIRO, T. F. (2021). Necessidades de saúde: demografia, panorama epidemiológico e barreiras de acesso. In: _______Saúde LGBTQIA+ Práticas de cuidado transdisciplinar. Ed. Manole. Santana de Parnaíba (SP).

COLLINS, P. H.; BILGE, S. (2020). Interseccionalidade. 1 ed. São Paulo. Boitempo.

FERTONANI, H. P.; PIRES, D. E. P.; BIFF, D.; SCHERER, M. D. A. (2015). Modelo assistencial em saúde: conceitos e desafios para a atenção básica brasileira. Ciência & Saúde Coletiva, 20(6):1869-1878

FANON, F. (2008) Pele Negra, Máscaras Brancas. Edufba. Salvador.

FOUCAULT, M. (1997). Resumo dos cursos do Collége de France (1970-1982). Jorge Zahar Editor Ltda. Rio de Janeiro.

FOUCAULT, M. (1978). A história da loucura na idade clássica. Editora Perspectiva S.A. São Paulo.

GOMES-DA-SILVA, P. N. (2014). Pedagogia da corporeidade: o decifrar e o subjetivar na educação. Revista Tempos E Espaços Em Educação, 15-30. https://doi.org/10.20952/revtee.v0i0.3255

HOMMA, A.; FREIRE, M. S.; POSSAS, C. (2020). Vacinas para doenças negligenciadas e emergentes no Brasil até 2030: o “vale da morte” e oportunidades para PD&I na Vacinologia 4.0. Cad. Saúde Pública 36 (Suppl 2).

MARTINS, B. S. (2015). A reinvenção da deficiência: novas metáforas na natureza dos corpos. Fractal: Revista de Psicologia, v. 27, n. 3, p. 264-271, set.-dez. 2015. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1984-0292/1653

MARX, K (1977). Prefácio à contribuição da crítica da economia política. In: MARX. K. ENGELS, F. Textos Volume III. Edições Sociais. São Paulo.

MALDONADO-TORRES, (2018). Analítica da colonialidade e da decolonialidade: algumas dimensões básicas. In: BERNARDINO-COSTA, J.; MALDONADO-TORRES, N.; GROSFOGUEL, R. Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Autêntica Editora. Belo Horizonte.

MBEMBE, A. (2018). Necropolítica. Biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. n-1 Edições. São Paulo.

MBEMBE, A. (2018). Crítica da razão negra. N-1 Edições. São Paulo.

MELLO, A. G. (2016). Deficiência, incapacidade e vulnerabilidade: do capacitismo ou a preeminência capacitista e biomédica do Comitê de Ética em Pesquisa da UFSC. Ciência & Saúde Coletiva, 21(10):3265-3276 DOI: 10.1590/1413-812320152110.07792016

PAGLIOSA, F. L.; DA ROS, M. A. (2008). O relatório Flexner: para o bem e para o mal. Rev. Bras. Educ. Méd. 32 (4). P. 492-499.

PRECIADO, B. (2014). Manifesto contrassexual. Práticas subversivas de identidade sexual. N-1 Edições. São Paulo.

RIOS, I. C.; SCHRAIBER, L. B. (2012). Humanização e humanidades em medicina. 1 ed. Editora Unesp. São Paulo.

THULER, L. C. S.; BERGMANN, A.; CASADO, L.; (2012). Perfil das Pacientes com Câncer do Colo do Útero no Brasil, 2000-2009: Estudo de Base Secundária. Revista Brasileira de Cancerologia. 58(3): 351-357

TRINDADE, T. G.; BATISTA, S. G. (2016). Medicina de Família e Comunidade: agora mais do que nunca! Ciência & Saúde Coletiva, 21 (9):2667-2669. DOI: 10.1590/1413-81232015219.18862016

WEEKS, S. E., HARRIS, E. E.; KINZEY, W.G. (1995). Human gross anatomy. A crucial time to encourage respect and compassion in students. Clinical Anatomy 8:69-79.

Downloads

Arquivos adicionais

Publicado

2022-04-12