A ESCOLA É NOSSA INIMIGA! (CONVERSAÇÕES ANARQUISTAS COM UMA CRIANÇA DE 9 ANOS DE IDADE)

Autores

  • Tassio Acosta Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas

Palavras-chave:

anarquismos, pedagogia libertária, escola, espaços educacionais

Resumo

Mobilizado pela conversação com uma criança de 9 anos de idade que, por motivos de saúde, estava afastada da escola, uma afirmativa proferida por ela nos convidou à escrita deste artigo: "A escola é nossa inimiga!". Assim, pensaremos, com base na pedagogia libertária, na transposição da escola enquanto instituição do Estado interessada em docilizar corpos, formas de transformá-la em espaços educacionais capazes de emancipá-los, em vista das almas anárquicas presentes nas infâncias. Conclui-se, com referência em Chico César, que, sendo o amor um ato revolucionário, a educação também o é. Portanto, torna-se imprescindível a valorização das autonomias e emancipações das infâncias para a possibilidade de vidas outras, tanto em seus rizomas e devires, como em suas redes aracnianas capazes de, agenciadas pelo desejo, extrapolar seus próprios corpos. Propomos, por fim, uma leitura radical dos documentos oficiais para a efetivação da pedagogia libertária.

Biografia do Autor

Tassio Acosta, Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas

Doutor em Educação pela UNICAMP. Aluno do pós-doutorado em Educação na UNIFESP.

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Publicado

2024-04-13