Oswaldo Martins: o vazio positivo
DOI:
https://doi.org/10.35520/flbc.2020.v12n23a35880Keywords:
poesia brasileira contemporânea, experimentação, criticidade, Oswaldo Martins.Abstract
Na poesia de Oswaldo Martins, a afirmação do vazio não se confunde com a transparência negativa do vazio pleno, anterior à configuração da forma, mas declara a incompletude do que passa a existir na espessura da escrita que o formula. Desfazendo a linguagem congestionada em favor da invenção poética, a formulação positiva do vazio é impulsionada, ademais, pela recusa do ornamental. Na medida em que a palavra edulcorada cede espaço ao que provoca asco e arrisca ser rejeitada pelo leitor, a precipitação formal do recalcado, realçada pela repugnância que provoca a tematização da merda, e a criticidade que lateja na subversão do erótico presentificam a agressividade do que é omitido pelo louvor da beleza e pela nobilitação métrica da temática amorosa. Prova da força alcançada pelo recurso formal do autor, a exploração de contrastes não se restringe à violação dos hábitos linguísticos do leitor, senão que funciona como mecanismo de precisão, aperfeiçoado de poema em poema, para cumprir o avesso da ausência, que não suscita a espera por seu preenchimento. É o que explica a surpresa produzida diante de certos poemas em que, apesar de mínimos, seus componentes dão a impressão de serem muitos.
References
MARTINS, Oswaldo. Desestudos. [2000]. Rio de Janeiro: TextoTerritório, 2014.
______. Minimalhas do alheio. [2002]. Rio de Janeiro: TextoTerritório, 2014.
______. Lucidez do oco. [2004]. Rio de Janeiro: TextoTerritório, 2014.
______. Cosmologia do impreciso. Rio de Janeiro: 7Letras, 2008.
______. Língua nua. Rio de Janeiro: 7Letras, 2011.
______. Lapa. Rio de Janeiro: TextoTerritório, 2014.
______. Manto. Rio de Janeiro: TextoTerritório, 2015.
______. Paixão. Rio de Janeiro: TextoTerritório, 2018.
Downloads
Published
Issue
Section
License
Autores que publicam no Fórum de Literatura Brasileira Contemporânea concordam com os seguintes termos:Os autores mantêm os direitos e cedem à revista o direito à primeira publicação, simultaneamente submetido a uma licença Creative Commons (CC-BY-NC 4.0) que permite o compartilhamento por terceiros com a devida menção ao autor e à primeira publicação pelo Fórum de Literatura Brasileira Contemporânea.
Os autores podem entrar em acordos contratuais adicionais e separados para a distribuição não exclusiva da versão publicada da obra (por exemplo, postá-la em um repositório institucional ou publicá-la em um livro), com o reconhecimento de sua publicação inicial no Fórum de Literatura Brasileira Contemporânea.