Oswaldo Martins: o vazio positivo

Autores

  • Luiz Costa Lima Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)

DOI:

https://doi.org/10.35520/flbc.2020.v12n23a35880

Palavras-chave:

poesia brasileira contemporânea, experimentação, criticidade, Oswaldo Martins.

Resumo

Na poesia de Oswaldo Martins, a afirmação do vazio não se confunde com a transparência negativa do vazio pleno, anterior à configuração da forma, mas declara a incompletude do que passa a existir na espessura da escrita que o formula. Desfazendo a linguagem congestionada em favor da invenção poética, a formulação positiva do vazio é impulsionada, ademais, pela recusa do ornamental. Na medida em que a palavra edulcorada cede espaço ao que provoca asco e arrisca ser rejeitada pelo leitor, a precipitação formal do recalcado, realçada pela repugnância que provoca a tematização da merda, e a criticidade que lateja na subversão do erótico presentificam a agressividade do que é omitido pelo louvor da beleza e pela nobilitação métrica da temática amorosa. Prova da força alcançada pelo recurso formal do autor, a exploração de contrastes não se restringe à violação dos hábitos linguísticos do leitor, senão que funciona como mecanismo de precisão, aperfeiçoado de poema em poema, para cumprir o avesso da ausência, que não suscita a espera por seu preenchimento. É o que explica a surpresa produzida diante de certos poemas em que, apesar de mínimos, seus componentes dão a impressão de serem muitos. 

 

Biografia do Autor

Luiz Costa Lima, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio)

Professor titular de Literatura Comparada da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e professor emérito da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

Referências

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Publicado

2020-09-20

Edição

Seção

Ensaios