A traição da memória na “autobiografia de uma sobrevivente do Holocausto”
Abstract
Quando Alain Resnais apresenta as atrocidades ocorridas no campo de extermínio de Auschwitz em seu filme Noite e neblina (1955), realizado a partir de imagens reais (feitas clandestinamente por soldados alemães), com o intuito de “desmascarar” a propaganda nazista de que os campos eram prisões que atendiam aos direitos humanos, o que ele consegue, principalmente, é provocar um choque de sentidos que pode conduzir à descrença. Representar o irrepresentável a partir de uma fidedignidade imagética é impossível e um provável resultado de tal tentativa é de suscitar a desconfiança, o expectador é levado a crer “isto não pode ser real”, “não pode ter havido violência assim”. A estética do choque fere a sensibilidade e embota a reflexão, afinal, é mais fácil não pensar, não rever, não sentir o horror que, por se destacar, acaba tornando-se ainda mais silenciado.Literaturhinweise
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