Em Torno da Dialética entre a espada e a palavra
Palabras clave:
Poder. Disputa. Dominação.Resumen
A presente dramaturgia está inspirada – e não baseada – na peça teatral O mendigo e o cachorro morto, de Bertolt Brecht. A intenção precípua é defender a hipótese de que a vida humana está constantemente condicionada por disputas que têm por finalidade a imposição de uma dominação de indivíduos sobre indivíduos e de classes e grupos sociais sobre classes e grupos sociais. Essa disputa acontece pela violência da espada e/ou pela astúcia da palavra, sendo que, ao longo do processo civilizatório, a palavra sobrepujou a espada, colocando-a a seu serviço, com a função de garantir, em última instância, a ordem construída pela palavra. Os seres humanos vêm vivendo, ao longo da história, envolvidos na dialética entre a espada e a palavra, e dessa dialética resulta a dominação de uns sobre outros. Na peça aqui apresentada, vemos uma disputa entre a espada, representada pela imperatriz, e a palavra, representada pelo mendigo. Ambos estão em um momento inicial de disputa, no qual a imperatriz tem um poder bem maior. Entretanto, com a dinâmica da disputa, o mendigo leva vantagem ao trazer a imperatriz para a sua condição humana de miserabilidade, na qual a imperatriz é destituída da espada ao ser transformada em uma prostituta de baixo nível, sob o comando e dependência do mendigo, detentor do poder maior que é o poder da palavra. Diferentemente da peça de Brecht, o nosso mendigo não é cego, pois entendemos que se o deixássemos cego ele teria enfraquecida a sua compreensão e sua posição de ser a palavra ativa a disputar com a espada também ativa.
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