Notas sobre donzelas-guerreiras, gênero e sexualidade em ‘A rainha ginga’, de José Eduardo Agualusa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35520/mulemba.2019.v11n20a22650

Palavras-chave:

Donzela-guerreira, Nzinga Mbandi, Agualusa

Resumo

Este artigo é parte de uma pesquisa mais ampla, que venho desenvolvendo em estágio de pós-doutorado, sobre “donzelas-guerreiras” brasileiras e africanas através de treze textos literários. Neste texto, analiso o romance A Rainha Ginga e de como os africanos inventaram o mundo (2015 [2014]), do angolano José Eduardo Agualusa. Após apresentar e problematizar o conceito e o uso do paradigma da donzela-guerreira, desdobro-o em quatro outras personagens paradigmáticas. Por fim, a partir da obra agualusiana, nos perguntamos se sob o ponto de vista das discussões de gênero e sexualidade estariam realmente os africanos inventando o mundo. 

Biografia do Autor

Helder Thiago Maia, Pós-doutorando em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa da USP. Bolsista FAPESP.

É bolsista FAPESP de Pós-Doutorado. Pesquisador do grupo CUS - Cultura e Sexualidade (UFBA) e pesquisador associado da RED LIESS (Espanha). Editor da Revista Periódicus. Autor dos livros "O Devir Darkroom e a Literatura Hispano-Americana" (2014) e "Cine(mão): espaços e subjetividades darkroom" (2018)

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Publicado

2019-08-06