Mayombe: Útero da Revolução
DOI:
https://doi.org/10.35520/mulemba.2020.v12n23a33732Palavras-chave:
Mayombe, Pepetela, Realismo animistaResumo
Este artigo pretende revisitar o romance Mayombe, clássico literário angolano escrito por Pepetela no início dos anos 1970 e publicado em 1980. Desde então, boa parte da crítica literária se debruçou sobre o romance para a análise de temas como a relação entre literatura e história; os aspectos autobiográficos do texto; a estrutura fragmentada e polifônica da narrativa; o tribalismo como obstáculo à revolução; o protagonista Sem Medo como “novo homem angolano”; a crítica ao autoritarismo nas estruturas internas do MPLA. Propomos, no entanto, uma abordagem alternativa da obra: uma análise tendo como foco a Floresta do Mayombe. Para tanto, utilizamos os pressupostos teóricos do realismo animista – corrente estética africana defendida pelo próprio Pepetela e por Henrique Abranches, também escritor angolano. A partir dessa perspectiva de leitura, pode-se compreender a floresta como personagem protagonista da narrativa, sendo agente responsável pelos principais acontecimentos do enredo.
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