Mayombe: Útero da Revolução

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35520/mulemba.2020.v12n23a33732

Palavras-chave:

Mayombe, Pepetela, Realismo animista

Resumo

Este artigo pretende revisitar o romance Mayombe, clássico literário angolano escrito por Pepetela no início dos anos 1970 e publicado em 1980. Desde então, boa parte da crítica literária se debruçou sobre o romance para a análise de temas como a relação entre literatura e história; os aspectos autobiográficos do texto; a estrutura fragmentada e polifônica da narrativa; o tribalismo como obstáculo à revolução; o protagonista Sem Medo como “novo homem angolano”; a crítica ao autoritarismo nas estruturas internas do MPLA. Propomos, no entanto, uma abordagem alternativa da obra: uma análise tendo como foco a Floresta do Mayombe. Para tanto, utilizamos os pressupostos teóricos do realismo animista – corrente estética africana defendida pelo próprio Pepetela e por Henrique Abranches, também escritor angolano. A partir dessa perspectiva de leitura, pode-se compreender a floresta como personagem protagonista da narrativa, sendo agente responsável pelos principais acontecimentos do enredo.

Biografia do Autor

Gustavo Henrique Rückert, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

Professor de Literaturas em Língua Portuguesa na Faculdade Interdisciplinar em Humanidades (UFVJM)

Referências

ABRANCHES, Henrique. Da mitologia tradicional ao universalismo literário: eu sou um narrador à maneira tradicional. Disponível em: https://www.ueangola.com/ entrevistas/item/379-da-mitologia-tradicional-ao-universalismo-liter%C3%A1rio-eu-sou-um-narrador-%C3%A0-maneira-tradicional. Acesso em 28/06/2019.

ARAÚJO, Tamires Maiara Santos; SILVA, Telma Borges da. O realismo animista e a construção das personagens Maria das Dores e Ponciá Vicêncio. Congresso Internacional da ABRALIC 2018: Circulação, tramas & sentidos na Literatura. Uberlândia, 2018.

BORGES, Jorge Luis. El arte narrativo y la magia. Sur: revista trimestral. Año II, verano 1932. p. 172-179. Disponível em: Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes, 2015.

GARUBA, Harry. Explorations in animist materialism: notes on reading/writing African literature, culture and society. In: Public Culture 15, n. 2, 2003, p. 261-285.

MATA, Inocência. Estudos pós-coloniais: desconstruindo genealogias eurocêntricas. Civitas. Porto Alegre. v.14. n.1. p.27-42. jan-abr, 2014.

PARADISO, Sílvio Ruiz. Religiosidade na literatura africana: a estética do realismo animista. Estação Literária. Londrina. v 13. p. 268-281. jan, 2015.

PEPETELA. Lueji: o nascimento de um império. Lisboa: Dom Quixote, 1997.

______. Mayombe. Lisboa: Dom Quixote, 2009.

RÜCKERT, Gustavo Henrique. As guerras coloniais entre chuvas de gafanhotos e caminhos no deserto. In.: ______. Entre pós-colonialismos: a escritura da história colonial em romances portugueses e angolanos. Curitiba: Brazil Publishing, 2019. p. 85-156.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Para uma Epistemologia do Sul. In.: ______. A gramática do tempo: para uma nova cultura política. São Paulo: Cortez, 2010. p. 49-178.

SARAIVA, Suely da Silva. O realismo animista e o espaço não nostálgico em narrativas africanas de língua portuguesa. Encontro Regional da ABRALIC 2007: Literaturas, Artes, Saberes. São Paulo, 2007.

SECCO, Carmen Lúcia Tindó Ribeiro. A magia das letras africanas. Rio de Janeiro: ABE Graph Editora/Barroso Produções Editoriais, 2003.

TODOROV, Tzvetan. Introdução à literatura fantástica. São Paulo: Perspectiva, 1975.

TUTIKIAN, Jane. Velhas identidades novas: o pós-colonialismo e a emergência das nações de língua portuguesa. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2006.

WITTMANN, Tábita. O realismo animista presente nos contos africanos (Angola, Moçambique e Cabo Verde). Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Letras. Programa de Pós-Graduação em Letras, 2012.

Downloads

Publicado

2021-05-21