Linguagens Literárias d’Áfricas em Diáspora: Viagens e Travessias Infantes

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35520/mulemba.2021.v13n24a42842

Palavras-chave:

Literatura infantojuvenil. Moçambique. Diásporas.

Resumo

Esse texto-viagem resulta de nossos escrevivenciamentos, de nossas paragens e de certas indagações em torno das literaturas que trazem à cena o protagonismo de autoras (es) negras (os) nas obras editadas em terras de cá, o Brasil, e em territórios de lá, Moçambique. Buscamos, nessas travessias, destacar a relevância das literaturas africanas e afrobrasileiras, levando-se em conta a contribuição da autoria negra em algumas produções literárias do mercado editorial brasileiro e moçambicano. Para tanto, partimos da pesquisa bibliográfica através de estudos empreendidos nos respectivos campos de conhecimento. Trata-se, na realidade, de uma viagem-reflexão que traz à cena nossa percepção em face de tais personagens para, a partir deles, nos provocar a redimensionar o lado peralta de uma escrita infante, sílabas miúdas da criança e/ou o jovem que fomos um dia. Esse trabalho é uma viagem ao imaginário das coisas indizíveis, capaz de encontrar espanto na ir(realidade) breve e aberta às coisas do mundo.

Biografia do Autor

Maria Anória Jesus Oliveira, Universidade do Estado da Bahia

Maria Anória de Jesus Oliveira, formada em Letras (PUC-SP), doutora em Letras (UPPB), docente da Universidade do Estado da Bahia (profa Titular). Docente efetiva do do Programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural (Pós-Crítica/UNEB). Líder do Grupo de Pesquisa: Letramentos, Identidades e Formação de Educadores (as). Atua na graduação em Letras na mesma instituição. Orienta pesquisas de mestrado, doutorado e supervisiona no Pós-doutorado do mesmo programa (Pós-Crítica/UNEB).

Referências

Citações:

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=V1OqdhQItrI

Veja-se o texto “Das alianças entre Malungos, de Gorée a Salvador, resistimos”, da socióloga Vima Reis (2005, p. 1005 a 118)

A quem dedicamos esse texto, uma publicação que contaria com a sua parceria para no processo de (re) estruturação e expansão das nossas reflexões. Mas, infelizmente, a Estrela partiu para o Orum, ao ter os frágeis fios da vida abreviados pelo Covid-19. Uma perda inexprimível para todas (os) nós que tivemos a alegria de, em sua sensível, delicada e competente companhia, aprender e partilhar conhecimentos, emoção e muitas alegrias. De sua viagem, profundo vazio. De suas travessias, poesias inesquecíveis. Profa. Dra. Rosilda Alves Bezerra (UEPB), nossas breves palavras jamais conseguirão exprimir sua arte de viver, amar e se deixar ficar. Também, à sua sobrinha, Gabriela que, poucos dias após, teve a vida abreviada e seguiu aos braços da tia-mãe, Rosilda. Essa singela homenagem se estende às demais pessoas que tiveram a vida ceifada pelas correntes asfixiantes da necropolítica no cenário social brasileiro e em outras partes do mundo: Kabiessliê!

Espaço, aqui, é entendido sob o viés de Osman Lins (1976).

Dentre vastas publicações dentro desse recorte, das mais recentes, indicamos a leitura dos textos constantes das seguintes publicações: v. 10, n. 19 (2018): A Lei 10.639/2003 em diálogo com as Literaturas Africanas (Revista Mulemba), disponível em: <https://revistas.ufrj.br/index_php/ mulemba/issue/archive>.

Também indicamos outra produção mais abrangente, que não se circunscreve no campo das literaturas. Contudo, apresenta importantes orientações e reflexões no campo da educação para as relações étnico-raciais, um livro da extinta SECAD: Orientações e Ações para a Educação das Relações Étnico-Raciais, disponível em: <http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/orientacoes _etnicoraciais.pdf>.

Sobre os termos aqui pautados e já muito discutidos, nos apoiamos em Boaventura Souza Santos (2010) e Achille Mbembe (2018).

Grimm (vol 4, s/d).

Entendam-se, relações entre negros e brancos, ou quem assim se reconhecer, conforme explica Nilma Lino Gomes (2005)

Alberto da Barca é um dos fundadores da Literatura Infantil moçambicana, dos anos de 1980. A epígrafe consiste de sua fala durante um evento, realizado na Associação de Escritores Moçambicanos (AEMO), dia 07/08/2009, intitulado: Literatura Infanto-juvenil brasileira e moçambicana contemporânea: problemas e perspectivas, Nesse evento, versaram sobre a sua produção os seguintes escritores: Angelina Neves, Rogério Manjate, Mário Lemos e o referido escritor, Alberto da Barca.

Referimo-nos ao encantado mundo em que a fantasia e a realidade se fundem dinamicamente (TODOROV, 1992).

Essa é uma herança dos contos tradicionais, das lendas que permeiam os textos contemporâneos. Alguns destes são de autoria de Angelina Neves, Alberto da Barca e Rogério Manjate.

Oliveira (2016). Em Ngunga, de Pepetela (1973), uma das obras pioneiras angolanas, esse é o contexto social do protagonista.

Veja-se, Vladimir Propp (1984). As categorias analíticas desse teórico russo se encontram mais aprofundadas em Áfricas e diásporas na Literatura Infanto-juvenil no Brasil e em Moçambique (OLIVEIRA, 2014).

Oliveira (2010).

“ENTREVISTA COM PEDRO PEREIRA LOPES”, por Eliane Debus (2018, p. 188) em: Mulemba. Rio de Janeiro: UFRJ| Volume 10 | Número 18 | p.185-189 | jan.-jun. 2018 (p. 188), disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/mulemba/issue/download/1026/721 (acesso em 5 de janeiro, de 2021)

Um dos importantes investidores nessa área que, infelizmente, já não está nesse plano existencial. Sobre as obras do autor, vejam-se: Oliveira (2010).

Ou seja, traços característicos, pensados a partir da releitura de Vladimir Propp (1984), conforme desenvolvemos e aprofundamos em estudos precedentes (OLIVEIRA, 2015).

Fonte: http://www.ine.gov.mz/censos_dir/recenseamento_geral/estudos_analise/nacionalidades

De estudos precedentes, dentre as variadas narrativas moçambicanas que delimitamos para fins de análise foram: 1) O menino Octávio, de Calisto Atanásio e Neves (2003); 2) O cachorro perdido, de Tellé Aguiar (2003); 2) O feio e zangado HIV: a história de um vírus, autoria de alunos de 13 a 15 anos (2006); 3) Os gêmeos e os raptores de crianças, de Machado da Graça (2007); 5) Mbila e o coelho: uma história para todas as idades, de Rogério Manjate (2007). Veja-se: Oliveira (2010).

Texto no prelo (OLIVEIRA, 2021): um pequeno resultado da pesquisa de pós-doutorado na área (UFMG, 2015).

Da escritora Heloísa Pires Lima (2003).

Entendam-se, diáspora, no viés dos estudos Culturais (HALL, 2005).

E, obviamente, a indígena que, inclusive, teve seu apogeu na era romântica, mas sob a ótica europeia.

Evaristo (2007, p. 19).

Texto publicado na versão online na Revista Cátedra Digital, disponível no site da revista em: < https://revista.catedra.puc-rio.br/index.php/para-alem-de-tres-continentes-literatura-para-infancia-do-escritor-mocambicano-pedro-pereira-lopes>./ (acesso em dez/2020).

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=5Z0OaldEaAo

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Publicado

2021-09-17