Luanda, Lisboa, Paraíso: a cartografia da violência dos sujeitos da diáspora

Autores

  • Liz Maria Teles de Sá Almeida

DOI:

https://doi.org/10.35520/mulemba.2021.v13nEsp.a51059

Resumo

O trabalho pretende investigar na narrativa Luanda, Lisboa, Paraíso, da autora Djaimilia Pereira de Almeida, como são forjadas a Condition noire (Norman Ajari, 2019) e a exilience (Alexis Nouss, 2016) a que os dois protagonistas da obra estão submetidos a partir dos processos migratórios que experienciam. Em seus deslocamentos prolongados, Cartola e Aquiles performam uma existência solapada pela violência (simbólica/silenciosa) reservada aos corpos negros migrantes na Europa, que condiciona um modo de estar sui generis, e que é marcada pela incapacidade de pertencer, pela inviabilidade de fixar-se e sobremaneira, pela impossibilidade de retornar, conforme este artigo demonstrará à luz do referido texto narrativo. Essas objeções conduzem pai e filho a uma condição exílica degradante que pode ser definida como um estar no mundo “exilado(s) da própria existência” (MATA, 2019).

Biografia do Autor

Liz Maria Teles de Sá Almeida

Doutoranda em Literatura pela Universidade de Évora. Membro do Centro de Estudos em Letras da (CEL-UÉ) e team member do projeto GENORE – Gender, Normativity, Representations (CEC/ULISBOA)

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2022-04-14

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Artigos