Da Decadência de Tony ao Empoderamento de Luísa: Uma Leitura sobre <i>Niketche, uma História de Poligamia</i>, de Paulina Chiziane

Autores

  • Sávio Roberto Fonseca de Freitas
  • Joranaide Alves Ramos

DOI:

https://doi.org/10.35520/mulemba.2022.v14n26a53831

Resumo

Este artigo apresenta um estudo do romance Niketche: uma história de poligamia (2004), de Paulina Chiziane. A partir da personagem Luísa, verificamos como o processo de construção das masculinidades contribui para a subalternização de mulheres e, em contrapartida, como o empoderamento delas lhes possibilita a criação de condições de acesso social. Este estudo está fundamentado, principalmente, em Leite (2003), em Connell (1995), em Welzer-Lang (2001), em Hudson-Weems (2020), em Ribeiro (2017) e em Berth (2019) e dividido em três partes. Na primeira, apresentamos uma discussão sobre o conceito de poligamia, sua instituição e a representação romanesca da resignação da personagem Luísa em relação a esta prática; na segunda, investigamos como a construção da masculinidade fundamenta a prática de matrimônios poligâmicos; na última, refletimos sobre de que modo a sororidade [re]constituiu as identidades das mulheres envolvidas naquele casamento. Niketche é território simbólico do feminino de Moçambique; aponta algumas estratégias usadas por diversas mulheres para empoderarem outras mulheres, fazendo-nos refletir sobre as tradições daquele país e sobre os efeitos do patriarcado e da colonização sofrida por aquelas pessoas.

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Publicado

2022-08-05