Da Decadência de Tony ao Empoderamento de Luísa: Uma Leitura sobre <i>Niketche, uma História de Poligamia</i>, de Paulina Chiziane
DOI:
https://doi.org/10.35520/mulemba.2022.v14n26a53831Abstract
Este artigo apresenta um estudo do romance Niketche: uma história de poligamia (2004), de Paulina Chiziane. A partir da personagem Luísa, verificamos como o processo de construção das masculinidades contribui para a subalternização de mulheres e, em contrapartida, como o empoderamento delas lhes possibilita a criação de condições de acesso social. Este estudo está fundamentado, principalmente, em Leite (2003), em Connell (1995), em Welzer-Lang (2001), em Hudson-Weems (2020), em Ribeiro (2017) e em Berth (2019) e dividido em três partes. Na primeira, apresentamos uma discussão sobre o conceito de poligamia, sua instituição e a representação romanesca da resignação da personagem Luísa em relação a esta prática; na segunda, investigamos como a construção da masculinidade fundamenta a prática de matrimônios poligâmicos; na última, refletimos sobre de que modo a sororidade [re]constituiu as identidades das mulheres envolvidas naquele casamento. Niketche é território simbólico do feminino de Moçambique; aponta algumas estratégias usadas por diversas mulheres para empoderarem outras mulheres, fazendo-nos refletir sobre as tradições daquele país e sobre os efeitos do patriarcado e da colonização sofrida por aquelas pessoas.
References
BERTH, Joice. Empoderamento. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019.
CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de símbolos. Rio de Janeiro: José Olympio, 2008.
CHIZIANE, Paulina. Niketche: uma história de poligamia. São Paulo: Companhia das Letras. 2004.
_____. Eu, mulher... Por uma nova visão de mundo. In: Revista do Núcleo de Estudos de Literatura Portuguesa e Africana da UFF. v. 5, n. 10, 2013, p. 199-205. Disponível em < https://periodicos.uff.br/revistaabril/article/view/29695/17236>. Acesso em 28/10/2021.
CONNELL, Raewyn. Políticas da masculinidade. In: Educação & realidade. v. 20. n.2, 1995. p. 185-206. Disponível em <https://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/71725/40671>. Acesso em 28/10/2021.
_____; MESSERSCHMIDT, James W. Masculinidade hegemônica: repensando o conceito. Estudos Feministas, Florianópolis, 21(1): 241-282, janeiro-abril/2013.
DOVE, Nah. Mulherisma africana: Uma teoria afrocêntrica. In: Jornal de Estudos Negros. v. 28. n. 5, 1998.
FREITAS, Sávio Roberto Fonseca de. Do feminismo literário ao ativismo político: a poesia de Sónia Sultuane, de Conceição Lima e de Odete Semedo. In: GOMES, Carlos Magno; RAMALHO, Christina Bielinski; CARDOSO, Ana Maria Leal. (Org.). Escritas de resistência: intersecções feministas da literatura. 1ed.Aracaju: Criação Editora, 2019, v. 1, p. 109-120.
GUATTARI, Félix. As três ecologias. 21 ed. Campinas, SP: Papirus, 2012.
HUDSON-WEEMS, Cleonora. Mulherismo africana: Recuperando a nós mesmos. São Paulo: Editora Anense, 2020.
LEITE, Ana Mafalda. Literaturas africanas e formações pós-coloniais. Lisboa: Colibri, 2003.
MOÇAMBIQUE. Lei nº 22/2019, de 11 de dezembro de 2019. Boletim da República. Moçambique, 2019, n. 239, 11 de dezembro de 2019, p. 5598/5602.
RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala?. Belo Horizonte: Letramento: Justificando, 2017
ROBERT, koffi Badou. Consciência da subalternidade: trajetória da personagem Rami em Niketche de Paulina Chiziane. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8156/tde-08022011-100027/pt-br.php. Acesso em: 25/11/2017.
SILVA, Cecília Gomes da. Significados e transformação das práticas poligâmicas nas sociedades de Angola e Moçambique: 1910-1965. 2017. 128f. Dissertação (Mestrado em História) – Instituto de Ciências humanas, Comunicação e Artes. Programa de Pós-Graduação em História Universidade Federal de Alagoas. Maceió.
WELZER-LANG, Daniel. A construção do masculino: dominação das mulheres e homofobia. In: Revista Estudos Feministas. v.9. n.2. 2001, p. 460-482.
Downloads
Published
Issue
Section
License
Authors who publish with this journal agree to the following terms:
- Authors retain copyright and grant the journal right of first publication with the work simultaneously licensed under a Creative Commons Attribution License that allows others to share the work with an acknowledgement of the work's authorship and initial publication in this journal.
- Authors are able to enter into separate, additional contractual arrangements for the non-exclusive distribution of the journal's published version of the work (e.g., post it to an institutional repository or publish it in a book), with an acknowledgement of its initial publication in this journal.
- Authors are permitted and encouraged to post their work online (e.g., in institutional repositories or on their website) prior to and during the submission process, as it can lead to productive exchanges, as well as earlier and greater citation of published work (See The Effect of Open Access).