<i>Memória de Mar, Profanações</i> de um Mar Português em Angola
DOI:
https://doi.org/10.35520/mulemba.2022.v14n26a53835Resumo
Partindo dos pressupostos estabelecidos pelo filósofo italiano Giorgio Agamben, em suas obras Profanações (2007) e O que é o contemporâneo? e outros ensaios (2009), objetiva-se uma análise da obra Memória de Mar (1978), do escritor angolano Manuel Rui. Neste romance, uma pequena ilha situada no litoral de Luanda é (re)visitada por um grupo de pesquisadores angolanos capazes de viajar, além de no espaço, no tempo. A pequena localidade conhecida como “Ilha dos Padres” servirá de cenário para a problematização de uma ocupação colonial, calcada na ideia de uma missão civilizadora portuguesa, e a consequente retomada dos espaços, outrora invadidos, após a libertação do país. A fervorosa devoção dos padres, habitantes da misteriosa ilha, à Nossa Senhora de Fátima, somada ao temor e à crença na Quianda, alegorizam, na obra em questão, o mar, território em disputa, local de memória e resistência cuja profanação deve ser alcançada. O objetivo do presente estudo é analisar a construção textual como um dispositivo, na senda de Agamben, capaz de problematizar forma narrativa e experiência temporal.
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