A literatura como um agente transformador do tempo presente: orgia dos loucos (1990), de Ungulani Ba Ka Khosa

Auteurs

DOI :

https://doi.org/10.35520/mulemba.2022.v14n27a54520

Mots-clés :

Conto, Literatura moçambicana, Loucura, Memória

Résumé

Este artigo tem por objetivo tratar da relação entre o texto literário e a representação da realidade (mimesis) ao evidenciar memórias resgatadas pelo escritor moçambicano Ungulani Ba Ka Khosa na obra Orgia dos Loucos (1990). O livro é composto por nove contos, nos quais podemos perceber referências ao período pós-independência de Moçambique. Ao trazer este período como pano de fundo de suas histórias, Ungulani representa não só uma memória individual, visto que vivenciou esta época em seu país, mas também uma memória coletiva que, neste contexto, serviu como uma ferramenta para afirmação identitária em um movimento de resistência à imposição cultural colonial. Sendo assim, analisa-se também o papel da memória na literatura e como, consequentemente,  ela acaba sendo um agente transformador do tempo presente. Os estudos de Aimé Césaire (2020), Ana Mafalda Leite (2012), Edward Said (1990), Francisco Noa (2015), Homi Bhabha (2013) e Seligmann-Silva (2003) serviram de base para esta análise.

Bibliographies de l'auteur

Camila Knebel Fenner, Universidade Federal de Pelotas (UFPEL)

Graduada em Letras Português e Espanhol pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), 2019. Mestranda em Letras, Literatura, Cultura e Tradução, pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL).

Demétrio Alves Paz, Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) Campus Cerro Largo - RS

Professor Associado 2 de Teoria Literária e Literaturas de Língua Portuguesa na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) Campus Cerro Largo - RS

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Publiée

2023-02-28