MUDANÇAS CLIMÁTICAS: DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE BRASILEIRA

Authors

  • Mariana M. Vale Departamento de Ecologia, Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Rua São Fran¬cisco Xavier 524. Rio de Janeiro, Brasil. CEP: 20550-011.
  • Maria Alice S. Alves Departamento de Ecologia, Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Rua São Fran¬cisco Xavier 524. Rio de Janeiro, Brasil. CEP: 20550-011.
  • Maria Lucia Lorini Lab. de Gestão da Biodiversidade,Dep. Botânica,Inst. Biologia,Univ. Fed. do Rio de Janeiro.Ilha do Fundão.Rio de Janeiro,Brasil.CEP:21941-971.Prog. Pós-Grad. Ecologia, Inst. Biologia, UFRJ. Ilha do Fundão.Rio de Janeiro, Brasil. CEP: 21941-971.

Keywords:

Protocolo de Kyoto, adaptação, mitigação, Neotrópico, Brasil

Abstract

A realidade das mudanças climáticas pelas quais o planeta está passando é inequívoca, assim como a influência humana nesse processo. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nacões Unidas prevê mudanças climáticas substanciais para a região Neotropical. De fato, os impactos dessas mudanças climáticas sobre a biodiversidade da região já estão sendo sentidos: colapso de ecossistemas de corais no Caribe, retração de glaciares nos Andes e eventos extremos de seca na Amazônia. Embora haja um corpo substancial de conhecimento em torno dos possíveis impactos das mudanças climáticas sobre as formações florestais brasileiras, sobretudo as amazônicas, estudos dos impactos sobre elementos da biodiversidade do país são praticamente inexistentes. Nos últimos 20 anos foram publicados apenas dois artigos científicos em periódicos indexados na base do Thompson Institute for Scientific Information (ISI). Essa lacuna de conhecimento impossibilita a elaboração de quaisquer estratégias de adaptação às mudanças climáticas visando à conservação da biodiversidade brasileira. A comunidade científica e as agências de fomento à pesquisa, portanto, devem começar a priorizar estudos dessa natureza. O Brasil, no entanto, não deve se concentrar apenas em estratégias de ‘adaptação', pois existe grande potencial no país para ações de ‘mitigação' das mudanças climáticas em andamento. Apesar da sua matriz energética limpa, o país figura entre os maiores emissores mundiais de gases de efeito estufa, devido às enormes emissões associadas ao desmatamento. Uma questão de primeira ordem é a histórica oposição do país à incorporação de ‘desmatamento evitado' como um dos Mecanismos de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Kyoto. É importante que a comunidade científica brasileira ligada à conservação participe ativamente desse debate, cujas conseqüências para a biodiversidade são bastante graves.

Published

2009-12-21