Modelos nulos e processos de aleatorização: algumas aplicações em Ecologia de Comunidades

Autores

  • Eduardo Tavares Paes Universidade de São Paulo
  • Paulo Bernardo Blinder Universidade Estadual de Campinas

Resumo

Em Ecologia de Comunidades, é difícil realizar experimentos de campo adequadamente controlados. Assim, uma hipótese sobre um processo causal muitas vezes precisa ser testada testando os padrões observados com aqueles que seriam esperados na ausência de tal processo -- os quais corresponderiam à hipótese nula. Um modelo nulo é o procedimento estatístico (geralmente envolvendo simulação) pelo qual é gerado o padrão correspondente à hipótese nula. Modelos nulos têm se tornado cada vez mais populares em Ecologia de Comunidades, desde que Connor & Simberlorff usaram um modelo nulo de co-ocorrências (presença / ausência) para negar que os padrões de coexistência de espécies de aves em ilhas diferissem do acaso, como propunha J. Diamond. Tanto o modelo nulo de Connor & Simberlorff, como o alternativo proposto por Diamond & Gilpin para resgatar as suas conclusões, tem suas limitações. Como tais limitações são diferentes e complementares, justifica-se o uso de modelos híbridos que incorporem as vantagens de ambos. Talvez mais importantes que estes modelos em si, porém, foi a intensa discussão filosófica que eles geraram sobre o teste de hipóteses em Ecologia de Comunidades. Aplicações mais recentes de modelos nulos não se restringem a dados binários, mas permitem usar dados quantitativos, modelando padrões de co-abundância (método de Sale & Stell); também permitem avaliar o grau de organização em comunidades de plantas (método de Zobel & Zobel). Propõe-se ainda o uso de modelos nulos como maneira objetiva de determinar o número de dimensões fatoriais ecologicamente significativas em ordenações multivariadas. Este procedimento é exemplificado usando os resultados de uma ordenação de uma comunidade de peixes marinhos.

Biografia do Autor

Eduardo Tavares Paes, Universidade de São Paulo

Laboratório de Ictiofauna - Instituto Oceanográfico

Paulo Bernardo Blinder, Universidade Estadual de Campinas

Grupo de Teoria da Ciência e Computação Cognitiva - Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência

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Publicado

2009-12-21