O GÊNERO CLUSIA COMO UM EXEMPLO DE ESTUDOS SOBRE RESPOSTAS DE PLANTAS AO ESTRESSE EM AMBIENTES TROPICAIS

Resumo

O gênero dióico Clusia apresenta uma grande plasticidade de formas de vida e flexibilidade metabólica, ressaltada pela presença de espécies C₃, espécies com metabolismo ácido das crassuláceas (CAM) ou com características intermediárias (C₃-CAM). Em algumas destas, induz-se uma mudança reversível de C₃ para CAM, alterando a intensidade luminosa, o regime hídrico ou temperatura. Em Clusia ocorre a acumulação noturna de rnalato e citrato nos vacúolos. Enquanto a acumulação de malato e sua posterior descarboxilação durante o dia favorece a economia de água e carbono, não está esclarecido qual a impor­tância ecofisiológica das variações diárias nos níveis de citrato. Em plantas de sombra, que não mostraram acumulação noturna de malaio, a acumulação de citrato pode resultar em economia de carbono e energia. Em plantas expostas a altas intensidades luminosas, a descarboxilação na fase luminosa de malato e citrato aumenta as concentrações internas de CO₂ e pode evitar a fotoinibição, especialmente para plantas expostas ao déficit hídrico, em que o fechamento estomático reduz o fluxo de CO₂ do ar exterior. Esta flexibilidade metabólica, que permite uma resposta rápida a mudanças ambientais, possivelmente contribuiu para que Clusia invadisse uma ampla gama de ambientes tropicais.