PORQUE O MUNDO É VERDE, AS ÁGUAS AZUIS E OS PEQUENOS RIOS DA MATA ATLÂNTICA SÃO ALIMENTADOS PRINCIPALMENTE POR MICROALGAS?

Autores

  • Timothy P. Moulton Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Palavras-chave:

Rede trófica, Controle de herbívoro, Defesa de planta, Isótopos estáveis, Ecossistema de córrego.

Resumo

A questão “Porque o mundo é verde?” tem sido debatida e pesquisada desde a publicação seminal de Hairston et al. (1960). Três principais hipóteses foram levantadas para explicar porque uma grande parte da biomassa de plantas terrestres não é comida por herbívoros: (1) predadores controlam herbívoros (especialmente folívoros), (2) defesas das plantas inibem herbívoros e tornam a biomassa relativamente não disponível e, (3) diferentes controles operam em regiões com produtividades diferentes. Sistemas aquáticos, especialmente os de plâncton, tendem a ter muito menos biomassa de plantas que sistemas terrestres e, geralmente, uma porção bem maior da biomassa viva é consumida por herbívoros. Daí sistemas de águas abertas parecerem azul ou verde transparente. Tais sistemas muitas vezes mostram relações em cascata nas quais as mudanças em um nível trófico têm efeitos em dois ou mais níveis abaixo. A regra geral em pequenos rios sombreados de floresta é que recebam muita matéria orgânica proveniente da floresta ao redor, e isto fornece a fonte principal de energia e material para a rede trófica. Pesquisas recentes em pequenos rios tropicais mostram que microalgas fornecem uma parte maior da fonte primária do que a matéria alóctone. Isto pode ser um fenômeno especificamente tropical, ou talvez uma tendência, mais acentuada nos trópicos. Experimentos de exclusão mostram cascatas tróficas e interações fortes entre fauna (especialmente camarões) e substrato alóctone. Mas as interações funcionais (e.g., rasgar serapilheira, remover matéria bêntica) não são tróficas -- os animais são herbívoros ou predadores de herbívoros baseados em microalgas. Podemos especular que o desperdício aparente de matéria alóctone se deva em parte aos custos inerentes que o detritívoro teria que arcar por processar uma fonte menos tratável e menos nutritiva (serapilheira) em condições de predação e competição maiores, que possivelmente são mais exigentes nos trópicos.


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Publicado

2009-12-20