BIOLOGIA E ECOLOGIA DE PEIXES DO GÊNERO Lophius (LOPHIIDAE, LOPHIIFORMES), COM ÊNFASE EM Lophius gastrophysus MIRANDA-RIBEIRO, 1915: STATUS ATUAL
Palavras-chave:
Lofiídeos, crescimento, reprodução, alimentação, ordenamento pesqueiro.Resumo
Na presente revisão foram consideradas as sete espécies do gênero Lophius, todas importantes no contexto econômico. Geograficamente, estão distribuídas na plataforma continental e talude dos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico Ocidental. Grande parte dos trabalhos consultados refere-se a duas espécies do Atlântico Norte Oriental (Lophius budegassa e Lophius piscatorius). Os lofiídeos são conhecidos mundialmente como “peixes-pescadores” pela forma característica de atrair presas para sua ampla boca, através da movimentação do ilício (primeiro raio da nadadeira dorsal modificado), localizado no topo do focinho. Observações subaquáticas recentes, no entanto, mostraram que o balançar do ilício em Lophius piscatorius precede o ataque imediato, quando a presa já não pode escapar do raio de ação do predador; mostraram também, que as nadadeiras peitorais e pélvicas são importantes auxiliares para o peixe enterrar-se quando adota o comportamento de senta-espera. Os dados de alimentação apontam para uma dieta basicamente piscívora nas espécies estudadas. As fêmeas liberam seus ovos de forma agregada imersos numa tira gelatinosa flutuante, semelhante à desova de alguns anfíbios. Os ovos e as larvas são pelágicos e os indivíduos juvenis são demersais, passando a ocupar áreas mais profundas quando adultos. Concomitante ao interesse causado por seu peculiar modo de vida, as espécies de Lophius passaram a ser apreciadas na culinária pela textura e sabor de sua carne, o que aumentou sua exploração comercial como recurso pesqueiro valorizado nos mercados europeu, americano e japonês. A crescente exploração desse recurso induziu estudos dos aspectos reprodutivos, alimentares e pesqueiros das espécies européias e de Lophius americanus. Por outro lado, Lophius gastrophysus, a espécie do Atlântico Sul que ocorre na costa sul e sudeste do Brasil e é conhecida localmente como ‘peixe-sapo' ou ‘tamboril' é, ainda, muito pouco estudada. Esta foi fortemente explorada entre 2000 e 2002, resultando numa redução da biomassa nas capturas ao longo desse período. Em 2005, uma instrução normativa limitou a captura máxima anual de Lophius gastrophysus. No entanto, para respaldar o instrumento normativo, foram utilizados dados biológicos de outras espécies do Atlântico, dada a inexistência de conhecimentos sobre Lophius gastrophysus. Estudos direcionados a essa espécie são, portanto, imprescindíveis para subsidiar as decisões que visam o ordenamento da pesca e a sustentabilidade das populações.
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Publicado
2009-12-18