EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA POR RESERVATÓRIOS DE HIDRELÉTRICAS
Palavras-chave:
Hidroeletricidade, carbono, metano, dióxido de carbono, emissão de gases.Resumo
Durante a década de 90 surgiram intensas especulações a respeito de que reservatórios de hidrelétricas poderiam estar contribuindo para a intensifi cacao do efeito estufa através da emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE). Muita polemica tem sido estabelecida recentemente a partir de estudos realizados nos reservatórios amazônicos, especialmente a partir de estudos teóricos é baseados em extrapolações desprovidas de critérios científicos estabelecidos. Uma das questões mais polêmicas é a estimativa de emissão de gases a jusante de represas, logo apos a passagem da água pelas turbinas, em particular do metano (CH4) cujas concentrações são mais elevadas em maiores profundidades. Um dos problemas é que a concentração de CH4 a ser utilizada nos cálculos de fluxo ebulitivo deveria ser a concentração media deste gás na faixa de captação de água e não a concentração deste gás na profundidade maior, como tem sido usado. A intensidade da emissão de GEE não é invariante no tempo, havendo flutuações em períodos de duração irregular. Estas flutuações são influenciadas por muitos fatores, como temperatura, regime de ventos, exposição ao sol, parâmetros físicos, químicos e biológicos da água. Existem dificuldades para se estabelecer uma extrapolação que realmente represente a heterogeneidade espacial dos reservatórios e que possa captar a variação temporal dos fluxos. Estudos adicionais são indispensáveis para reduzir as duvidas a respeito da emissão de GEE pelos reservatórios de hidrelétricas. A compreensão das diferentes formas de fluxo de carbono, em diferentes escalas espaciais (nível do reservatório, nível da coluna d´água) e temporais (antes e depois da inundação) é indispensável para compreender a real contribuição do reservatório na emissão de GEE. Muitos ambientes naturais emitem CH4, especialmente pântanos e outras áreas úmidas ou habitats de florestas em climas tropicais. Estas emissões devem ser consideradas e descontadas em cálculos de emissões de CH4 posteriores a inundação do reservatório neste tipo de ambiente. Este método garante que os dados obtidos apos a inundação representem realmente o aumento na emissão de CH4 provocado pela inundação da área pela represa. A emissão de CH4 pelas hidrelétricas é sempre desfavorável para a hidroeletricidade, pois mesmo que o carbono origine-se de fontes naturais, ele se torna um gás de maior Potencial de Aquecimento Global (Global Warming Potential -- GWP) no computo final. Já a emissão de CO2 em parte pode ser originada da atmosfera e ser incorporada ao sistema do reservatório pela ciclagem natural do carbono em ciclo curto de tempo.