ACUMULAÇÃO DE CARBONO EM LAGOS AMAZÔNICOS COMO INDICADOR DE EVENTOS PALEOCLIMÁTICOS E ANTRÓPICOS

Autores

  • Renato Campello Cordeiro Universidade Federal Fluminense
  • Patricia Florio Moreira Turcq Institute de Recherche pour le Development
  • Bruno Jean Turcq Institute de Recherche pour le Development
  • Luciane Silva Moreira Universidade Federal Fluminense
  • Rodrigo de Carvalho Rodrigues Universidade Federal Fluminense
  • Renata Lima da Costa Universidade Federal Fluminense
  • Abdelfetthah Sifeddine Institute de Recherche pour le Development
  • Francisco Fernando Lamego Simões Filho Instituto de Radiometria e Proteção

Palavras-chave:

Acúmulo de carbono, lagos de várzea, lagos isolados, Amazônia, mudanças paleoclimáticas.

Resumo

A biota terrestre é considerada como um sumidouro de carbono atmosférico. As florestas tropicais apresentam um importante papel nesta assimilação, porém pouco ainda se sabe sobre o papel dos sistemas aquáticos continentais neste processo de acumulação bem como sua relação com as mudanças paleoclimáticos. Portanto, o objetivo deste artigo consiste em reunir os principais trabalhos realizados em lagos amazônicos, a fim de evidenciar a participação dos sistemas aquáticos amazônicos no acumulo de carbono em função de mudanças paleoclimáticos e antrópicas na Amazônia. Para este estudo foram escolhidos três sistemas lacustres distintos: o primeiro consiste nos lagos de várzea Santa Ninha e Acarabixi, caracterizados por sofrerem influência direta do ciclo hidrológico do Rio Amazonas e Rio Negro respectivamente. O segundo engloba os lagos isolados da dinâmica fluvial amazônica, que apesar de serem pouco extensos em área tem um papel importante no que tange ao entendimento dos processos paleoclimáticos na Amazônia. Foram abordados então os seguintes registros: Lagoa da Pata (AM), Lago Caracarana (RR), Lago CSN N4 Carajas (PA), Lago de campos inundados em Humaitá (AM). Como exemplo de sistema que recebe influência da atividade antrópica foi estudado barragem na região de intensa mudança do uso da terra em Alta Floresta (MT). Através de diferentes indicadores paleoambientais e ambientais (datações dos diferentes ecossistemas fluviais amazônicos por 210Pb e 14C, concentração de carbono orgânico, relação C/N, analise da deposição de partículas de carvão, 13C, 15N, derivados de clorofila, determinação mineralógica, determinação de mercúrio e cálculo de taxas de acumulação de carbono) foram reconstruídas as condições ambientais pretéritas e suas implicações no funcionamento Os lagos de várzea Santa Ninha e Acarabixi apresentaram elevadas taxas de acumulação de carbono, chegando a atingir valores superiores a 400g/m2/ano. Já os lagos isolados apresentaram fluxos mais reduzidos, onde raramente encontraram-se registros que ultrapassaram os 20g/m2/ano. O maior valor de acumulação de carbono foi observado em de barragem em área de intensa mudança do uso da terra em Alta Floresta (MT). A acumulação de carbono alcança o maior fluxo de 433g/m2/ano. Estes dados revelam uma importante participação de diferentes ambientes lacustres amazônicos na acumulação de carbono, que apresentou-se susceptível a alteração climática que ocorreu nos últimos milênios.

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Publicado

2009-12-02