DEPOSIÇÃO DE CARBONO ORGÂNICO NA PLANÍCIE DE INUNDAÇÃO DO RIO PARAGUAI DURANTE O HOLOCENO MÉDIO
Palavras-chave:
carbono orgânico, matéria orgânica, sedimentos lacustres, Holoceno Medio, Pantanal.Resumo
A deposição de carbono, durante o Holoceno, na planície de inundação do rio Paraguai foi analisada em testemunhos obtidos das lagoas Negra e Castelo. Essas lagoas localizam-se na borda Oeste do Pantanal de Mato Grosso do Sul e registram, em seus sedimentos, a historia ambiental do Pantanal desde o Pleistoceno Tardio. Testemunhos de sedimentos foram coletados nessas lagoas, sendo dois coletados por vibro-testemunhador (testemunhos longos) e dois por testemunhador de gravidade (testemunhos curtos). As idades dos sedimentos foram obtidas por analise de 14C (sedimentos holocênicos) e 210Pb em sedimentos depositados nos últimos 100 anos. Analises de matéria orgânica (perda por queima a 550°C) e carbono orgânico (CHN Carlo Erba) evidenciam maior deposição de carbono orgânico no Holoceno Médio (6500 anos cal. A.P.) nos dois testemunhos analisados. No testemunho LN95/L1 (lagoa Negra) inicia a sedimentação lacustre em 11500 anos cal. A.P. apos um período com forte influencia do rio Paraguai. No testemunho LC95/L1 (lagoa Castelo) a analise do perfil sedimentar evidencia que a lagoa se mantem ligada diretamente ao rio ate o presente. Uma transição abrupta de sedimentos arenosos e inorgânicos para sedimentos orgânicos na lagoa Castelo (inicio da sedimentação lacustre) ocorre em 6500 anos cal. A.P. Essas informações somadas as inversões de idade observadas nesse período sugerem que a deposição de matéria orgânica foi precedida por uma fase de maior hidrodinâmica por retorno da umidade. Esse sinal não é observado na lagoa Negra, reforçando a hipótese de construção dos diques marginais em período anterior. A lagoa Negra não secou totalmente, pelo menos por muito tempo, preservando matéria orgânica entre o inicio do Holoceno e Holoceno Medio.