BOTOS COMO INDICADORES DO FLUXO TRÓFICO DE MICROPOLUENTES NA BACIA AMAZÔNICA
Palavras-chave:
Brasil, Amazônia, cetáceos, mercúrio, organoclorados.Resumo
Este estudo apresenta uma visão geral da adequabilidade do uso de cetáceos amazônicos como espécies sentinelas da contaminação ambiental por micropoluentes como o mercúrio e os organoclorados. Devido ao fato de ocuparem posição de topo nas teias alimentares, bem como a grande longevidade alcançada pelos cetáceos, elevadas concentrações de micropoluentes têm sido verificadas em seus tecidos, o que possibilita uma amplificação da capacidade de determinação de elementos e compostos por diferentes procedimentos analíticos. Alem de proporcionar vantagem analítica, a determinação de micropoluentes em cetáceos de forma regular tem sido útil: como avaliação da disponibilidade de poluentes a outros organismos; para integrar um sinal complexo de poluição; bem como para quantificar a significância ecológica de dada contaminação. Desta forma, foram reunidas aqui as informações publicadas sobre as concentrações dos referidos poluentes nos cetáceos amazônicos Inia geoffrensis (boto) e Sotalia fluviatilis (tucuxi). Efetuando-se comparação com as concentrações observadas em cetáceos costeiros brasileiros, fica patente o quão elevados são os níveis verificados em tais mamíferos aquáticos amazônicos, com destaque para o mercúrio. Apesar do reduzido volume de informação acerca das concentrações de mercúrio, bifenilos policlorados e diclorodifeniltricloroetano em cetáceos amazônicos, as informações existentes ja demonstram que os níveis observados nesses animais espelham a contaminação ambiental por tais poluentes em distintos ambientes amazônicos. Perspectivas para estudos futuros são também discutidas, incluindo possíveis formas de superação de obstáculos relativos à amostragem de cetáceos amazônicos.