CONSEQÜÊNCIAS ECOLÓGICAS DA FRAGMENTAÇÃO FLORESTAL NA AMAZÔNIA

Autores

  • William F. Laurance Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e Smithsonian Tropical Research Institute, Manaus Amazonas, Brasil. School of Marine and Tropical Biology, James Cook University, Cairns CEP:6901-970.
  • Heraldo L. Vasconcelos Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Caixa Postal: 593. Uberlândia, Minas Gerais, Brasil. CEP: 38400-902.

Palavras-chave:

Biodiversidade, conservação, dinâmica florestal, fragmentação do habitat, floresta tropical.

Resumo

Um grande número de trabalhos tem sido desenvolvido com o intuito de determinar as conseqüências ecológicas da fragmentação florestal na Amazônia e aqui apresentamos uma síntese dos principais resultados destes trabalhos. A fragmentação da floresta tem múltiplos efeitos sobre a biota amazônica, podendo alterar a diversidade e a composição das comunidades nos fragmentos e mudar processos ecológicos como a polinização, a ciclagem de nutrientes e o estoque de carbono. As mudanças ecológicas que ocorrem em função do isolamento são em geral proporcionais ao tamanho do fragmento. Conseqüentemente, fragmentos pequenos tendem a ter menos espécies como um todo (menor riqueza de espécies) e menor densidade de espécies por unidade de área do que fragmentos grandes. Os fragmentos de floresta na Amazônia parecem ser particularmente vulneráveis aos efeitos de borda. Sob condições naturais as bordas são raras nas florestas tropicais, mas quando a floresta é fragmentada a quantidade de bordas aumenta dramaticamente. Estas novas bordas são artificiais, criando uma transição abrupta entre a floresta e a área alterada adjacente. Nas florestas de terra-firme da Amazônia central, um dos efeitos de borda mais proeminentes é o aumento na taxa de mortalidade de árvores, que causa um aumento na incidência de clareiras no dossel próximo às bordas. Os efeitos de borda também causam alterações nos gradientes físicos e na abundância das espécies nos fragmentos. Em geral as espécies que são mais vulneráveis à fragmentação florestal tendem a responder negativamente à formação de bordas, necessitam de áreas extensas, e/ou não são tolerantes a matriz (isto é, o mosaico de habitats modificados que circundam os fragmentos de floresta), enquanto que as espécies que são resilientes aos efeitos da fragmentação florestal geralmente têm características opostas.

Publicado

2009-12-21