MODELOS DINÂMICOS DE ASSEMBLÉIA
Palavras-chave:
Dinâmica de comunidades, modelos matemáticos e computacionais, ecologia teórica, interações, propriedades emergentes.Resumo
A estrutura de uma comunidade ecológica é moldada por mecanismos que variam no tempo. Tais mecanismos dependem em grande parte das interações entre espécies, que por sua vez são manifestações da própria estrutura. Dinâmica e estrutura são, assim, mutuamente determinadas. Os modelos de assembléia são modelos matemáticos ou computacionais que simulam a dinâmica das comunidades ecológicas como um resultado do saldo histórico entre colonizações e extinções locais, por meio da entrada sequencial de espécies colonizadoras e de sua interação com as espécies residentes. Eles possibilitam a análise dessa dupla relação entre dinâmica e estrutura, reconhecendo sua dependência temporal. Assumem-se duas escalas espaço-temporais: (i) uma escala local, onde as espécies co-ocorrem e tem a dinâmica de suas populações explicitamente simulada e (ii) uma escala regional sem dinâmica própria, representando o meio externo de onde chegam os potenciais colonizadores. Os modelos matemáticos e computacionais usados para simular a dinâmica local são bastante variados, distinguindo-se conforme a complexidade de representação das populações, incorporando ou não diferenças intra ou interespecíficas. São eles que determinam a situação da comunidade, em termos das abundâncias, das interações, e das extinções, nos períodos intercalados entre colonizações sucessivas. Os esquemas de introdução seguem regras também diversas, embora arbitrárias, que variam qualitativamente quanto à forma do aparecimento das espécies, se por especiação ou imigração, e quantitativamente quanto à sua taxa de entrada na comunidade. Combinando essas possibilidades, surge uma grande amplitude de abordagens para os modelos de assembléia, cada qual com seu conjunto específico de limitações e de questões, mas contribuindo de forma complementar para a elucidação dos mecanismos que estruturam as comunidades naturais. Apresentar essas abordagens, ainda incipientes como linhas de pesquisa no Brasil, descrever alguns métodos de análise e discutir as implicações de seus pressupostos para o entendimento de padrões ecológicos são os objetivos da presente revisão.