CONDIÇÃO DE SAÚDE DAS TARTARUGAS MARINHAS DO LITORAL CENTRO-NORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL: AVALIAÇÃO SOBRE A PRESENÇA DE AGENTES BACTERIANOS, FIBROPAPILOMATOSE E INTERAÇÃO COM RESÍDUOS ANTROPOGÊNICOS
Palavras-chave:
tartarugas marinhas, agentes bacterianos, fibropapilomatose, resíduos antropogênicos, saúde ambiental.Resumo
No Brasil, ocorrem cinco espécies de tartarugas marinhas, conhecidas popularmente como cabeçuda, verde, tartaruga-de-pente, oliva e tartaruga-de-couro. Todas são consideradas ameaçadas de extinção em âmbito nacional e internacional. A ação humana tem causado inúmeros impactos no ecossistema marinho e ameaçado sua diversidade biológica. Vários microrganismos habitam esse ecossistema e são capazes de causar doenças infecciosas. Por isso, mudanças do ambiente marinho contribuem para o surgimento de doenças, como a fibropapilomatose em tartarugas marinhas. A ingestão de detritos sólidos de origem antropogênica constitui outra importante ameaça a vários organismos marinhos. Neste contexto, o presente trabalho pretende investigar a presença de agentes bacterianos das Famílias Vibrionaceae e Aeromonadaceae, a ocorrência de casos de fibropapilomatose e de interação com resíduos sólidos antropogênicos nos espécimes de tartarugas marinhas encontrados encalhados ao longo do litoral centro-norte do estado do Rio de Janeiro, e dessa forma avaliar a condição de saúde desses organismos e do ambiente que frequentam. Para isso, foram realizados monitoramentos de praia quinzenais ao longo da área de estudo pela equipe do GEMM-Lagos / Oceanites no ano de 2009. As tartarugas foram identificadas quanto a espécie e averiguadas em relação à presença de tumores externos. Os espécimes, quando frescos, foram necropsiados e os conteúdos gastrointestinais triados para avaliar a presença de resíduos antropogênicos. Também foram coletados swabs para análises bacteriológicas conduzidas pelo LRNCEB / FIOCRUZ -- um levantamento inédito para as tartarugas marinhas do Brasil. 143 tartarugas marinhas foram encontradas encalhadas na área de estudo e apenas quatro apresentaram tumores. Essa baixa incidência pode ser explicada pelo avançado estado de decomposição da maioria dos espécimes. 43,7% dos conteúdos gastrointestinais triados apresentaram resíduos antropogênicos, indicando uma potencial causa de morte das tartarugas marinhas na região, principalmente de C. mydas. Dos swabs analisados, 88,2% apresentaram resultado positivo para Vibrio e 52,9% para Aeromonas. Assim, as tartarugas marinhas, como sentinelas da saúde do ecossistema marinho, evidenciam a degradação ambiental do litoral centro-norte do estado do Rio de Janeiro, alertando para a necessidade de ações mitigadoras urgentes.