DESLOCAMENTO NA MATRIZ PARA ESPÉCIES DA MATA ATLÂNTICA E A DIFICULDADE DA CONSTRUÇÃO DE PERFIS ECOLÓGICOS

Autores

  • Renato Crouzeilles
  • Maria Lucia Lorini UFRJ
  • Carlos Eduardo Viveiros Grelle UFRJ

Palavras-chave:

cienciometria, deslocamento na matriz, Ecologia de Paisagens, Mata Atlântica, perfis ecológicos

Resumo

Poucos estudos têm avaliado a capacidade de deslocamento das espécies na matriz, o que contribuiu para o acúmulo ao longo dos anos de abordagens que utilizavam uma espécie alvo para representar e proteger a biodiversidade local, sendo a de perfis ecológicos a mais recente. Nesse estudo, realizamos um estudo cienciométrico com enfoque na temática deslocamento na matriz para espécies que ocorrem na Mata Atlântica e avaliamos o possível uso da abordagem de perfis ecológicos para o bioma. Em uma visão geral, o Brasil contribui com menos de 0,005% do que é publicado mundialmente sobre a temática. Com relação à Mata Atlântica, ao todo 24 artigos foram selecionados até janeiro de 2010, sendo que apenas 15 apresentaram valores explícitos de deslocamento na matriz para espécies desse bioma. Os mamíferos não-voadores foram os mais estudados e o grupo das aves foi o que apresentou o maior número de espécies estudadas. Rio de Janeiro e São Paulo são os estados que contribuem com a maior parte do conhecimento sobre a temática. Dentre os 15 artigos que apresentaram resultados explícitos sobre deslocamento na matriz, o objetivo mais comum foi avaliar a dispersão de espécies entre fragmentos florestais. A abordagem de perfis ecológicos não pode ser utilizada para a Mata Atlântica, já que não há informação suficiente sobre a capacidade de dispersão das espécies e das exigências de habitat, que é outra variável contida na abordagem. Podemos concluir que a contribuição brasileira sobre a temática é ínfima e recente, acarretando em baixos valores de deslocamento encontrados para espécies da Mata Atlântica, já que apenas aves e mamíferos de pequeno porte foram estudados. Isso ocorre por serem facilmente capturados e encontrados em fragmentos florestais, além de sofrerem um forte viés regional, já que o estado do Rio de Janeiro contribui com toda a informação sobre a temática para os mamíferos não-voadores e São Paulo para o grupo das aves. Considerando todos os estudos, diversos aspectos sobre a temática foram enfocados, no entanto, o conhecimento sobre o assunto ainda é muito restrito, o que torna a abordagem de perfis ecológicos inadequada para a Mata Atlântica.

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Publicado

2010-12-31