MICROALGAS DO ESTUÁRIO DA LAGOA DOS PATOS: INTERAÇÃO ENTRE O SEDIMENTO E A COLUNA D'ÁGUA
Palavras-chave:
Lagoa dos patos, microalgasResumo
Entre abril de 1990 e abril de 1991 foram amostradas semanalmente a água e o sedimento em uma estação fixa na área estuarina rasa da Lagoa dos Patos, quantificando-se a densidade, biovolume e composição de microalgas, teor de clorofila a e de carbono orgânico particulado (COP) e alguns fatores abióticos. As concentrações de clorofila a e COP no sedimento foram aproximadamente três ordens de grandeza maiores do que na coluna de água. Não foi verificado um padrão sazonal para o COP na água ou sedimento. A concentração de clorofila a na água foi mais alta na primavera e início do verão de 1991 e mais baixa no outono e inverno de 1990, enquanto no sedimento os valores foram em geral mais altos no inverno e mais baixos na primavera de 1990. O biovolume de microalgas na água apresentou comportamento semelhante ao da clorofila a , enquanto que no sedimento os valores mais altos ocorreram no inverno e primavera de 1990. Houve uma relação estatisticamente significativa entre COP e intensidade dos ventos Sul-Sudoeste-Oeste, indicando a importância do processo de ressuspensão do sedimento causado pelo vento. Já correlação em COP e clorofila a é governada por fatores distintos. Os resultados sugerem a existência de duas fases na interação entre o sedimento e a coluna de água ao longo do ano: (1) sob condições de baixa salinidade e intensidade luminosa, a interação é mais intensa funcionando como um sistema único com espécies bentônicas eurihalinas presentes na água e no sedimento; (2) em condições de alta salinidade e intensidade luminosa o sedimento e a coluna de água funcionam de forma mais independente com a presença de alta densidade celular e biomassa de espécies neríticas na água.