TOXICOLOGIA DE CIANOTOXINAS: MICROCISTINAS AS ESTRELAS DO TEMA

Autores

  • Raquel Moraes Soares Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras-chave:

Cianotoxinas, microcistinas, toxicologia.

Resumo

Atualmente, a preocupação mais séria em relação às florações de cianobactérias em ambientes aquáticos, é o fato de que as mesmas são potencialmente produtoras de toxinas que podem causar sérios danos a mamíferos e diversos organismos da biota aquática. As cianotoxinas mais comuns, as chamadas microcistinas, têm como órgão alvo principal, nos vertebrados, o fígado, uma vez que os hepatócitos são capazes de captá-las através dos transportadores de ácidos biliares. No interior da célula, essa toxina é um potente inibidor de proteínas fosfatases do tipo 1 e 2A, às quais se ligam irreversivelmente. Em dose letal e aguda, a conseqüência final desta inibição é uma hemorragia intra-hepática. Em dose subletal e crônica, essas moléculas também podem gerar danos a outros tecidos e já são reconhecidas como promotoras de tumores. Ainda existe uma carência de estudos toxicológicos de longo prazo desta toxina em doses subletais nas espécies potencialmente alvo. Em relação à população humana, após o incidente de Caruaru, onde mais de 100 pacientes de hemodiálise faleceram após tratamento com água contaminada com microcistinas, aumentou consideravelmente a preocupação mundial quanto aos riscos impostos pela ocorrência de cianobactérias em corpos d'água utilizados para o abastecimento público. Isto se reflete na criação de legislação específica para o aperfeiçoamento do controle da qualidade da água, incluindo o monitoramento de cianotoxinas, sendo o Brasil o primeiro país a estabelecer tal medida. Portanto, os estudos toxicológicos experimentais são uma importante ferramenta na avaliação dos riscos dessas toxinas para a população humana.

Publicado

2017-02-20