IMPORTÂNCIA DE CENTRIDINI (APIDAE) NA POLINIZAÇÃO DE PLANTAS DE INTERESSE AGRÍCOLA: O MARACUJÁ-DOCE (PASSIFLORA ALATA CURTIS) COMO ESTUDO DE CASO NA REGIÃO SUDESTE DO BRASIL

Autores

  • Maria Cristina Gaglianone Universidade Estadual do Norte Fluminense
  • Hugo Henrique Salgado Rocha Universidade Federal de Uberlândia
  • Cristine Rodrigues Benevides Universidade Estadual do Norte Fluminense
  • Camila Nonato Junqueira Universidade Federal de Uberlândia
  • Solange Cristina Augusto Universidade Federal de Uberlândia

Palavras-chave:

Abelhas de óleo, Centris, Cerrado, Epicharis, Mata Atlântica

Resumo

As abelhas Centridini são conhecidas pelas interações com flores produtoras de óleos, principalmente da família Malpighiaceae, e também pela ação como polinizadores de flores de pólen e néctar. No entanto, as informações sobre a importância das Centridini na polinização de plantas agrícolas no Brasil são ainda escassas e fragmentadas. Este trabalho visa contribuir para diminuir esta lacuna, apresentando dados obtidos em culturas de maracujazeiro-doce nos estados de MG e RJ e discutindo possibilidades de manutenção destas abelhas nativas nas áreas agrícolas. As flores do maracujazeiro-doce são hermafroditas, tipicamente melitófilas, autoincompatíveis, e necessitam de polinizadores de grande porte, capazes de promover a transferência nototríbica de pólen. Das 19 espécies de abelhas consideradas polinizadoras de P. alata neste trabalho, 13 pertencem à tribo Centridini. Esta riqueza de espécies foi particularmente alta em Uberlândia, próximo a áreas de cerrado. As visitas por estas abelhas corresponderam a 44-49% do total observado, sendo Epicharis flava o polinizador mais freqüente nos dois locais de estudo. Espécies de Eulaema, Bombus (Apini) e Xylocopa (Xylocopini) também foram consideradas polinizadores potenciais. A antese teve início a partir das 5h e um maior número de visitas do polinizador mais freqüente ocorreu entre 7h e 11h. A presença de abelhas Centridini em áreas de cultivo é facilitada pelos seus hábitos de nidificação, frequentemente no solo em áreas expostas. Entretanto, a necessidade de outros recursos específicos, como óleos florais, implica na dependência de plantas que podem estar presentes somente nos fragmentos de vegetação nativa ou em vegetação secundária próxima às áreas de cultivo. A manutenção das populações destes polinizadores, portanto, está relacionada ao correto manejo da paisagem. Atualmente tentativas de criação de abelhas polinizadoras estão restritas a espécies que nidificam em cavidades preexistentes, através da utilização de ninhos-iscas. Para espécies que nidificam no chão, a preservação do solo em áreas nativas e recuperação de áreas degradadas também podem ser essenciais para a manutenção ou instalação de áreas de agregação de ninhos.

Biografia do Autor

Maria Cristina Gaglianone, Universidade Estadual do Norte Fluminense

Laboratório de Ciências Ambientais - Pós Graduação em Ecologia e Recursos Naturais

Hugo Henrique Salgado Rocha, Universidade Federal de Uberlândia

Laboratório de Ecologia e Comportamento de Abelhas, Instituto de Biologia

Cristine Rodrigues Benevides, Universidade Estadual do Norte Fluminense

Laboratório de Ciências Ambientais - Pós Graduação em Ecologia e Recursos Naturais

Camila Nonato Junqueira, Universidade Federal de Uberlândia

Laboratório de Ecologia e Comportamento de Abelhas, Instituto de Biologia

Solange Cristina Augusto, Universidade Federal de Uberlândia

Laboratório de Ecologia e Comportamento de Abelhas, Instituto de Biologia

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Publicado

2017-02-20