OCORRÊNCIA DE LIMITAÇÃO POLÍNICA EM PLANTAS DE MATA ATLÂNTICA

Autores

  • Leandro Freitas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
  • Marina Wolowski JBRJ
  • Maria Isabel Sigiliano JBRJ

Palavras-chave:

conservação da biodiversidade, interações planta-animal, polinização, sistema reprodutivo, taxas de frutificação

Resumo

A redução do sucesso reprodutivo das plantas decorrente da deposição no estigma de pólen insuficiente ou de pólen inapropriado, denominada de limitação polínica (LP), é um fenômeno disseminado entre as angiospermas. Várias características da história de vida das plantas têm sido associadas à ocorrência de LP. Em outro sentido, modificações ecológicas no processo de polinização, incluindo alterações e perda de polinizadores bióticos, podem resultar em LP crônica, com possíveis conseqüências em nível de população e comunidade. Neste estudo verificamos a ocorrência e a intensidade da LP e sua associação com características de hábito e sistema de incompatibilidade para 85 espécies ocorrentes no domínio da Mata Atlântica. Os dados foram obtidos através de revisão de literatura, a partir de estudos que mediram a taxa de frutificação após polinizações manuais e em condições naturais. Cerca de 58% das espécies não apresentou LP, o que contrasta com outros estudos de revisão, nos quais a LP foi prevalente. Entre as espécies com LP, 20% apresentaram LP extrema (índice de LP > 0,8). A afiliação em dada família influenciou a ocorrência de LP, com predominância de espécies com LP em Orchidaceae e Fabaceae e o oposto para Rubiaceae. A freqüência e intensidade da LP foram mais altas para espécies autoincompatíveis, porém não houve diferença entre espécies arbóreas e não arbóreas. A explicação mais disseminada para LP mais baixa em espécies autocompatíveis é que parte de seus óvulos pode ser fertilizada por pólen da própria planta, tanto por mecanismos de autopolinização espontânea como por transferência feita por polinizadores com pouca mobilidade. A menor ocorrência de LP nas espécies de Mata Atlântica em relação aos demais estudos de revisão sugere que a composição, abundância e atividade dos polinizadores, e conseqüentemente o processo de polinização, estão bem preservados nos remanescentes desse ecossistema. Entretanto, o tema LP na Mata Atlântica é caracterizado mais por lacunas de informação básica que por resultados que possibilitem a identificação de padrões claros. Do ponto de vista conservacionista, são prioritários neste tema estudos que forneçam medidas mais acuradas da ocorrência e intensidade da LP, identifiquem os fatores que conduzem à LP extrema e/ou crônica e avaliem os efeitos da LP em outras etapas do ciclo de vida, como na demografia das populações de plantas.

Biografia do Autor

Leandro Freitas, Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Pesquisador Associado na Diretoria de Pesquisas, JBRJ e Docente do PPG em Botânica-JBRJ. Especialista em Biologia da Polinização e Biologia Reprodutiva de Angiospermas

Marina Wolowski, JBRJ

Doutoranda, PPG em Botânica, JBRJ

Maria Isabel Sigiliano, JBRJ

Graduanda em Ciências Biológicas, Bolsista PIBIC-CNPq/JBRJ

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Publicado

2017-02-20