UMA REVISÃO DOS EFEITOS DO FOGO SOBRE A FAUNA DE FORMAÇÕES SAVÂNICAS DO BRASIL
Palavras-chave:
Biodiversidade, Cerrado, distúrbio por fogo, disponibilidade de recursos, manejo da faunaResumo
Entender como a biota responde aos eventos de fogo é de extrema relevância para o manejo e a conservação dos ecossistemas terrestres, especialmente em face das mudanças globais e do aumento das atividades antrópicas. Apresentamos aqui uma revisão dos artigos publicados (até 2009) a respeito do efeito do fogo sobre a fauna das formações savânicas brasileiras (Cerrado e savanas amazônicas). Foram avaliadas: a distribuição espacial e temporal dos estudos; a influência da frequência e intensidade do fogo; as respostas diretas e indiretas dos animais ao fogo; e o processo de recolonização das áreas queimadas. Dentre os 1.512 artigos encontrados na Web of Knowledge utilizando as palavras-chave “cerrado fire*” ou “savanna fire*”, apenas 12 tratam especificamente da fauna brasileira. Além destes, foram encontrados mais cinco artigos por buscas não padronizadas. Dos 17 estudos, 10 foram realizados em Brasília, demonstrando uma alta heterogeneidade na distribuição das pesquisas. A maioria dos trabalhos avaliou alterações na abundância das populações ou na diversidade da comunidade, sendo escassos os dados sobre mudanças nas interações entre as espécies. Observou-se que a resposta da fauna aos distúrbios causados pelo fogo é variada dependendo não só das características da espécie, mas também da frequência e intensidade das queimadas e das características espaciais do local como: tamanho da área queimada e o grau de fragmentação e heterogeneidade da paisagem. Características da história de vida, como comportamento e morfologia, geralmente determinam quais espécies são mais ou menos susceptíveis aos efeitos diretos do fogo. As mudanças físicas no habitat e/ou na disponibilidade de recursos causadas pelo fogo tendem a favorecer algumas espécies enquanto outras são prejudicadas. Os efeitos do fogo tendem a ser mais severos quando há uma grande acumulação de biomassa combustível e consequentemente incêndios de alta intensidade. O processo de recolonização das áreas queimadas ainda é pouco conhecido, mas um estudo com insetos galhadores e minadores mostra que esta se dá principalmente através de indivíduos vindos de fora da área queimada. Assim, a queima de grandes áreas pode dificultar a recolonização dessas áreas devido à capacidade limitada de dispersão de muitas espécies e uma paisagem cada vez mais fragmentada.