CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE E DINÂMICA ECOLÓGICA ESPACIAL: EVOLUÇÃO DA TEORIA

Autores

  • Alexandre Túlio Amaral Nascimento IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas
  • Ana Carolina de Oliveira Neves
  • Rogério Parentoni Martins
  • Francisco Ângelo Coutinho

Palavras-chave:

Biogeografia de ilhas, metapopulações, ecologia da paisagem, biologia da conservação, filosofia da ecologia.

Resumo

A capacidade que os ecólogos têm de contribuir para a solução dos problemas ambientais atuais depende da compreensão das teorias ecológicas que devem fundamentar decisões sobre a conservação e manejo de ecossistemas. Por isso, uma análise detalhada de como tais teorias são estruturadas é importante para avaliar se estas são de fato capazes de aumentar o conhecimento sobre os ecossistemas e seu funcionamento, sobretudo quanto a sua capacidade de responder às alterações provocadas pelo desenvolvimento socio-econômico. A relação entre a teoria de biogeografia de ilhas, formulada por MacArthur & Wilson em 1963, metapopulações, ecologia da paisagem e a fragmentação de hábitats é um dos exemplos de como a teoria pode contribuir para minimizar o efeito do impacto ambiental sobre os ecossistemas. Expomos neste ensaio uma análise do conteúdo estrutural e epistemológico da teoria de biogeografia de ilhas em seu formato original. Em seguidadiscutimos sobre aampliação de seu domínio de abrangência e de como a compreensão sobre os efeitos da fragmentação de ambientes naturais evoluiu a partir da biogeografia de ilhas, passando pela teoria de metapopulações, à ecologia da paisagem. Assim, mostramos como a dinâmica de fragmentos de hábitats foi melhor compreendida quando estes foram considerados como fragmentos sob a influência dos mais distintos contextos e históricos ambientais, e não como ilhas oceânicas isoladas. Ao recomendar a aplicação da ‘teoria de biogeografia de ilhas ampliada'para compreender a dinâmica ecológica dosfragmentos de hábitats, destacamos a importância da análise estrutural da teoria que nos leva à concepção de que a diversidade biológica em ilhas oceânicas resulta de um somatório de peculiaridades determinados por processos geológicos e evolutivos. No entanto, tais processos apenas não têm relevância para explicar padrões de diversidade em espécies em fragmentos de hábitat. Nesse caso, é necessário também considerar a história, intensidade e frequência das perturbações antrópicas e o contexto social e econômico que os causaram. Igualmente importante é avaliar como a dinâmica de metapopulações influencia a manutenção das populações-chave em paisagens fragmentadas. Esta integração entre teorias ecológicas e os contextos histórico, social e econômico é fundamental para que práticas mais sustentáveis e coerentes com a conservação da diversidade biológica tenham sucesso.

Biografia do Autor

Alexandre Túlio Amaral Nascimento, IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas

Biólogo, MsC. Ecologia Aplicada; Doutorando em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre (UFMG)

Publicado

2017-02-21