ECOLOGIA ALIMENTAR EM MAMÍFEROS MARINHOS: TÉCNICAS DE ESTUDO

Autores

  • Tatiana Lemos Bisi Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • José Lailson-Brito Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • Olaf Malm Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras-chave:

dieta, relações tróficas, conteúdo estomacal, isótopos estáveis, ácidos graxos.

Resumo

Os mamíferos marinhos predam sobre uma grande variedade de presas de diferentes níveis tróficos, ocupando nichos diferenciados tanto em cadeias tróficas curtas como em cadeias tróficas longas. Estudos a respeito da ecologia alimentar dos mamíferos marinhos são importantes para entender suas interações tróficas, além de identificar as posições que eles ocupam nas teias alimentares. Estes estudos contribuem para um melhor entendimento da estrutura trófica, do fluxo de energia e do funcionamento dos ecossistemas marinhos. O objetivo dessa revisão foi apresentar os principais métodos utilizados nos estudos de ecologia trófica de mamíferos marinhos, incluindo os requisitos para suas aplicações, as informações que podem ser geradas, assim como as suas limitações. O método mais tradicional, e também o mais antigo, é a análise do conteúdo estomacal e das fezes. A importância dessa ferramenta está na possibilidade de identificação das presas e de se estimar a sua biomassa. Estas características também a tornam uma ferramenta útil como base para a aplicação dos demais métodos. Mais recentemente, duas técnicas que envolvem mensurações de isótopos estáveis e de ácidos graxos têm sido aplicadas. Ambas se baseiam no princípio de que as razões isotópicas e

as assinaturas de ácidos graxos do predador refletem aquelas das presas de maneira previsível, possibilitando investigações em escala temporal e espacial do forrageamento dos mamíferos marinhos. Entretanto, essas técnicas apresentam limitações pelo fato de não permitirem a identificação das espécies consumidas, e pela necessidade de conhecimento prévio sobre as assinaturas de ácidos graxos ou razões isotópicas das presas. O fato é que nenhum dos três métodos responde a todas as perguntas em relação ao estudo da ecologia alimentar e das relações tróficas dos mamíferos marinhos. Eles constituem ferramentas complementares que devem ser usadas simultaneamente sempre que possível. Além disso, a determinação das concentrações e dos perfis de contaminação por micropoluentes pode trazer informações adicionais sobre a dieta e hábitos alimentares de mamíferos marinhos.

Biografia do Autor

Tatiana Lemos Bisi, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores, Faculdade de Oceanografia

José Lailson-Brito, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores, Faculdade de Oceanografia

Olaf Malm, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Laboratório de Radioisótopos, Instituto de Biofísica

Publicado

2017-02-21