MUTUALISMOS EXTREMOS DE POLINIZAÇÃO: HISTÓRIA NATURAL E TENDÊNCIAS EVOLUTIVAS

Autores

  • André Rodrigo Rech Unicamp
  • Vinicius Lourenço Garcia de Brito Unicamp

Palavras-chave:

especialização, co-evolução, adaptação, polinizadores

Resumo

Relações mutualísticas estão difundidas em todos os ecossistemas e cada vez mais têm sido consideradas importantes na geração e manutenção da diversidade em diferentes ambientes. Nessa revisão buscamos debater especialização e evolução de sistemas de polinização no contexto da teoria acerca de mutualismos. Ilustramos essa discussão com quatro dos mais estudados exemplos de sistemas de polinização especializados. O conceito de mutualismo mudou ao longo da história e, atualmente, entende-se que sejam relações de exploração que provêem benefícios aos interagentes. Dentro desta perspectiva, podemos separar as interações mutualísticas em duas categorias: (1) facultativas - quando não há dependência exclusiva entre as espécies e (2) obrigatórias - quando os interagentes não sobrevivem na ausência da interação. Algumas interações mutualísticas obrigatórias parecem apresentar um alto grau de especialização e exclusividade entre as partes, sendo esses casos denominados como mutualismos extremos. Apresentamos quatro casos conhecidos de mutualismos de polinização aparentemente extremos: (I) as flores com corolas longas e as mariposas da família Sphingidae, (II) as figueiras e as vespas-do-figo, (III) as yuccas e as mariposas-da-yucca, e (IV) os machos de abelhas Euglossini e orquídeas. Em seguida, discutimos os possíveis processos evolutivos que determinam o cenário atual destas relações especializadas. Embora possam existir casos em que as relações de mutualismos de polinização são altamente especializadas e espécie-específicas, em geral, nos exemplos discutidos, essas relações parecem evoluir sob pressões de seleção difusas. Esse padrão conduz a formação de grupos funcionais que, apesar de serem vitalmente dependentes da relação, podem ter seus componentes variando no tempo e no espaço. Por fim, apontamos que futuros estudos com mutualismos de polinização devem considerar quala escala (espacial e temporal) e o contexto investigado, o que significa explicitar se está sendo utilizado um ponto de vista taxonômico, funcional, evolutivo, ou uma combinação deles.

 

Biografia do Autor

André Rodrigo Rech, Unicamp

Biólogo pela Universidade Federal da grande Dourados, Mestre em Botânica pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazõnia e doutorando em ecologia pela Unicamp

Vinicius Lourenço Garcia de Brito, Unicamp

Biólogo e mestre em biologia vegetal pela Unicamp e doutorando em Biologia vegetal pela mesma universidade.

Publicado

2017-02-21