MUTUALISMOS EXTREMOS DE POLINIZAÇÃO: HISTÓRIA NATURAL E TENDÊNCIAS EVOLUTIVAS
Palavras-chave:
especialização, co-evolução, adaptação, polinizadoresResumo
Relações mutualísticas estão difundidas em todos os ecossistemas e cada vez mais têm sido consideradas importantes na geração e manutenção da diversidade em diferentes ambientes. Nessa revisão buscamos debater especialização e evolução de sistemas de polinização no contexto da teoria acerca de mutualismos. Ilustramos essa discussão com quatro dos mais estudados exemplos de sistemas de polinização especializados. O conceito de mutualismo mudou ao longo da história e, atualmente, entende-se que sejam relações de exploração que provêem benefícios aos interagentes. Dentro desta perspectiva, podemos separar as interações mutualísticas em duas categorias: (1) facultativas - quando não há dependência exclusiva entre as espécies e (2) obrigatórias - quando os interagentes não sobrevivem na ausência da interação. Algumas interações mutualísticas obrigatórias parecem apresentar um alto grau de especialização e exclusividade entre as partes, sendo esses casos denominados como mutualismos extremos. Apresentamos quatro casos conhecidos de mutualismos de polinização aparentemente extremos: (I) as flores com corolas longas e as mariposas da família Sphingidae, (II) as figueiras e as vespas-do-figo, (III) as yuccas e as mariposas-da-yucca, e (IV) os machos de abelhas Euglossini e orquídeas. Em seguida, discutimos os possíveis processos evolutivos que determinam o cenário atual destas relações especializadas. Embora possam existir casos em que as relações de mutualismos de polinização são altamente especializadas e espécie-específicas, em geral, nos exemplos discutidos, essas relações parecem evoluir sob pressões de seleção difusas. Esse padrão conduz a formação de grupos funcionais que, apesar de serem vitalmente dependentes da relação, podem ter seus componentes variando no tempo e no espaço. Por fim, apontamos que futuros estudos com mutualismos de polinização devem considerar quala escala (espacial e temporal) e o contexto investigado, o que significa explicitar se está sendo utilizado um ponto de vista taxonômico, funcional, evolutivo, ou uma combinação deles.