BALANÇO DO MERCÚRIO NUMA LAGOA COSTEIRA HIPERTRÓFICA (LAGOA RODRIGO DE FREITAS, RIO DE JANEIRO)

Autores

  • Daniel Loureiro
  • Clarissa Lourenço de Araujo
  • Wilson Machado
  • Talita Soares
  • Breno Gustavo B. Costa
  • Erick Gripp
  • Luiz Drude de Lacerda

Palavras-chave:

balanço de massa, fluxo, sedimento, água, biota, poluição.

Resumo

Este estudo apresenta uma estimativa do balanço de massa de Hg na lagoa costeira identificada como a mais contaminada por este metal no litoral do Estado do Rio de Janeiro (Lagoa Rodrigo de Freitas). Foram avaliadas as concentrações de Hg nos sedimentos e nas águas da coluna d'água da Lagoa, do canal de ligação com o mar, do rio que drena para lagoa, das galerias pluviais, do escoamento superficial e na chuva, assim como na biota marinha (macrófitas e peixes) deste sistema hipertrófico. Análises de perfis sísmicos realizadas na lagoa demonstraram a presença de um paleocanal de ligação da lagoa com a Baía de Guanabara. A partir de um testemunho longo (5m), foram definidas as variações no nível de base de Hg no sedimento, que variou de 70,6 À 17,2ng.g-1 no intervalo de profundidade de 80-100cm, mas chegando a 187,2 À 25,4ng.g-1 no intervalo de 420-440cm. As principais alterações na dinâmica do Hg devido a eventos naturais de passagem de frentes frias e distúrbios antrópicos por atividades de dragagem foram também avaliadas. Os resultados indicaram que a passagem das frentes frias contribui para o aporte de Hg devido a lavagem dos solos, ruas e galerias pluviais. Um evento de dragagem causou aumento dos níveis de Hg no sedimento superficial da Lagoa. Ocorreu uma atenuação dos valores de concentração, chegando-se aos valores iniciais encontrados no período pré-dragagem dentro de 2 anos. Foram quantificadas as entradas antrópica e natural de Hg, bem como os principais fluxos de saída de Hg do sistema Os principais processos de entrada de Hg para Lagoa são aportes de resíduos sólidos (1005g.ano-1), águas servidas (174g.ano-1), consultórios odontológicos (156g.ano-1) e escoamento superficial (113 À 85,7g.ano-1). A principal saída do sistema ocorre através da sedimentação (1839 À 611 g.ano-1), enquanto a exportação pelo único canal de comunicação com o mar foi de 54,4 À 29,3 g.ano-1. O compartimento que possui maior quantidade de Hg armazenada é o sedimento. As exportações de Hg pela remoção de biomassa de macrófitas e de pescado não influenciou o balanço (estimadas em 1,38 À 0,03 e 0,47 À 0,17g.ano-1, respectivamente). Embora a exportação de Hg pelo canal de comunicação com o oceano não influencie significativamente o balanço na Lagoa, mais estudos são necessários para avaliar possíveis efeitos desta exportação na zona costeira.

Publicado

2017-02-21